Leitura I Os 6, 1-6
Vinde, voltemos para o Senhor. Se Ele nos feriu, Ele nos curará. Se nos atingiu com os seus golpes, Ele tratará as nossas feridas. Ao fim de dois dias, Ele nos fará viver de novo; ao terceiro dia nos levantará e viveremos na sua presença. Procuremos conhecer o Senhor: a sua vinda é certa como a aurora. Virá a nós como o aguaceiro de Outono, como a chuva da Primavera sobre a face da terra. «Que farei por ti, Efraim? Que farei por ti, Judá?» – diz o Senhor – «O vosso amor é como o nevoeiro da manhã, como o orvalho da madrugada que logo se evapora. Por isso os castiguei por meio dos Profetas e os matei com palavras da minha boca; e o meu direito resplandece como a luz. Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus, mais que os holocaustos».
compreender a palavra
Esta página extraordinária de Oseias é um convite e uma tomada de consciência sobre quem é Deus e o que o homem pode esperar dele. Não se pode confundir Deus com o homem nem reduzi-lo à medida das nossas ideias e ações. Deus é um Deus de misericórdia, está próximo do homem e pode ser conhecido. Se é verdade que usa a sua palavra para ferir, atingir, “matar” o homem, ele também cura, trata as feridas e resplandece como luz para o homem. Com Deus o homem não pode ter uma relação ritualista, exterior, superficial. Ele não quer sacrifícios nem holocaustos, quer o coração, o amor, quer o homem. O homem é como nevoeiro da manhã, como orvalho da madrugada, nas suas relações com Deus. Deus não é assim, ele é como a aguaceiro de outono e chuva de primavera que empapa a terra e a fecunda e convida o homem a ser assim. Três dias é quanto basta para transformar a realidade do homem na realidade de Deus.
meditar a palavra
O mistério Pascal de Jesus, que celebraremos liturgicamente em breve, é representado por Oseias nesta profecia dos três dias. “Ao fim de dois dias, Ele nos fará viver de novo; ao terceiro dia nos levantará e viveremos na sua presença”. O homem abatido pelo pecado experimenta-se ferido, atingido, morto, mas Deus tem o poder de o curar, de o levantar, de o fazer viver. Esta vida, a vida nova, brota de Cristo, do seu lado aberto de onde sai água como chuva, que inunda e fecunda o coração do homem num amor renovado e faz resplandecer o direito e a justiça como uma luz na noite. Vencer o ritualismo dos sacrifícios e holocaustos é já caminho para viver segundo o coração de Deus.
rezar a palavra
Faz-me passar, Senhor, pelas três noites que conduzem à manhã de Páscoa. A dor do pecado que experimento seja a força para me encontrar no teu coração e me deixar fecundar pelo amor incondicional da cruz de Cristo e pela água que sai do teu lado aberto. Seja eu, Senhor, como facho ardente de amor que brilha na noite do mundo para que se veja em mim a vida nova que fazes renascer em cada homem que te procura.
compromisso
Quero deixar-me curar pelo amor disponível de Jesus revelado na cruz.
EVANGELHO Lc 18, 9-14
Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
compreender a palavra
Jesus vê-se obrigado a iluminar o coração de alguns que se julgavam justos e com isso têm-se como superiores aos outros. Para isso conta a parábola que põe em confronto o fariseu justo e o publicano pecador, diante de Deus. Os dois sobem ao templo, os dois vão rezar, os dois rezam, mas a oração deles é diferente. O fariseu apresenta-se como justo e cumpridor de todos os preceitos. O publicano apresenta-se como pecador. O fariseu toma uma postura de superioridade, vai até ao altar e fala com Deus, arrogante, como quem tem direitos por ter cumprido as suas obrigações. O publicano fica à entrada de rosto por terra e pede misericórdia.
meditar a palavra
Durante muito tempo fomos levados a julgar que, por sermos cristãos, éramos melhores que os outros e mesmo entre os cristãos julgávamos que os praticantes tinham direitos que os outros não tinham. Durante muito tempo julgámos os outros pela aparência esquecendo o mistério do coração do homem, lugar onde Deus se esconde e vê no segredo. Somos convidados e dar asas ao coração e a crescer na relação com os outros reconhecendo-nos a todos como pecadores e simultaneamente como filhos muito amados do Pai. O lugar de todos diante de Deus é prostrados de rosto por terra a suplicar misericórdia. Nenhum de nós é superior aos outros por nenhuma razão porque todos somos salvos pelo amor.
rezar a palavra
Senhor, que não se levante altivo o meu coração nem os meus olhos se voltem orgulhosos para o irmão. Que não deseje grandezas nem me julgue superior aos outros. Sossega o meu coração e pacifica a minha mente como uma criança ao colo da mãe.
compromisso
Reconheço a minha pequenez pedindo compaixão ao Senhor.