1ª Leitura: Actos 6, 8-10; 7, 54-49 
Naqueles dias, Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes prodígios e milagres entre o povo. Entretanto, alguns membros da sinagoga chamada dos Libertos, oriundos de Cirene, de Alexandria, da Cilícia e da Ásia, vieram discutir com Estêvão, mas não eram capazes de resistir à sabedoria e ao Espírito Santo com que ele falava. Ao ouvirem as suas palavras, estremeciam de raiva em seu coração e rangiam os dentes contra Estêvão. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, de olhos fitos no Céu, viu a glória de Deus e Jesus de pé à sua direita e exclamou: «Vejo o Céu aberto e o Filho do homem de pé à direita de Deus». Então levantaram um grande clamor e taparam os ouvidos; depois atiraram-se todos contra ele, empurraram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas colocaram os mantos aos pés de um jovem chamado Saulo. Enquanto o apedrejavam, Estêvão orava, dizendo: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito». 

Compreender a Palavra
Estêvão, o primeiro mártir conhecido, dá a vida pela fé em Jesus. A descrição do seu martírio, feito por Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos, apresenta muitas semelhanças com a morte de Jesus. Estêvão está cheio do Espírito Santo como Jesus, os seus argumentos são imbatíveis e deixam os adversários cheios de raiva como aconteceu com Jesus e como Jesus ele afirma ver o céu aberto e os anjos subindo e descendo, atiram-se a ele e dão-lhe a morte injustamente. Por fim as suas últimas palavras são as de Jesus “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”. Esta descrição coloca Estêvão no seguimento de Jesus e mostra aos cristãos que todo o verdadeiro discípulo de Jesus tem no horizonte da sua fé o mistério da cruz.

Meditar a Palavra
O martírio dos cristãos não é um ato de simples heroicidade. O cristão não se lança para a morte para mostrar a sua valentia. A morte dos cristãos é uma imposição que não dignifica ninguém. Quem mata não tem dignidade e quem se deixa matar também não. A dignidade do martírio está em oferecer a vida pelo nome de Jesus. A fé em Jesus é que dá dignidade ao martírio e a identificação com Jesus na morte oferecida, manifesta o valor da vida e o seu poder sobre a morte. Dar a vida por Jesus é, portanto, um gesto de generosidade para com os homens que carecem de gestos de amor gratuito e não um ato heróico.

Rezar a Palavra
“Nas tuas mãos entrego o meu espírito”. São estas hoje as minhas palavras, Senhor. Não estou a um passo do martírio mas estou frente à minha vida com tudo o que ela tem para oferecer e desejo dar tudo de mim confiado que acolhes, em espírito e verdade, a minha dádiva para o bem dos meus irmãos.

Compromisso
Ofereço-me nos pequenos gestos do dia de hoje.


EVANGELHO Mt 10, 17-22
Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Tende cuidado com os homens: hão-de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas sinagogas. Por minha causa, sereis levados à presença de governadores e reis, para dar testemunho diante deles e das nações. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em saber como falar nem com o que dizer, porque nessa altura vos será sugerido o que deveis dizer; porque não sereis vós a falar, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós. O irmão entregará à morte o irmão e o pai entregará o filho. Os filhos hão-de erguer-se contra os pais e causar-lhes a morte. E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo».

Compreender a Palavra
Hoje celebramos S. Estêvão, primeiro mártir.
Jesus dá a conhecer aos discípulos os perigos que perseguirão os seus discípulos. Anunciar o Evangelho, colocar-se ao serviço de Jesus, ser mensageiro da salvação não é tarefa fácil nem se trata de uma vida cómoda e instalada. O discípulo corre perigos e enfrentará dificuldades provocadas pelos homens até no seio da família por causa de Jesus, por causa do seu nome. Desta forma darão testemunho com a própria vida se necessário, mas não devem preocupar-se, assiste-os o Espírito do Pai. A recompensa será a salvação para todos os que perseverarem.

Meditar a Palavra
A palavra de hoje pede-me essencialmente que não me preocupe. Não é tarefa fácil, esta. Ser discípulo de Jesus traz consigo toda a espécie de dificuldades, perseguições, mais entendidos, julgamentos e condenações. Não estar preocupado perante a adversidade que se abate contra mim não é bem a minha maneira de reagir. Ficar sereno e tranquilo como se nada estivesse a acontecer, não costuma ser a minha forma de estar na vida. Bem sei que é o Espírito quem inspira a minha defesa. Mas não se trata de me defender mas de não me preocupar. Por outro lado Jesus diz-me que tudo é por causa dele, por causa do seu nome. A minha atenção volta-se para estas afirmações e faz-me perguntar: Tenho eu capacidade para aguentar todas as adversidades que o mundo me inflige por causa de Jesus? Não será necessário um grande amor a Jesus para assumir em mim um sofrimento que não tem a ver comigo, mas com Ele? Amo eu, Jesus ao ponto de ser capaz de aceitar o sofrimento que me vem de ser seu discípulo? Hoje mesmo hei-de dar uma resposta.

Rezar a palavra
Sinto-me como ovelha no meio de lobos, Senhor. Na minha própria vida, pelas minhas incapacidades, pelas dificuldades de me assumir, de renunciar, de avançar e de viver por causa de ti, por causa do teu nome, sinto-me como ovelha no meios dos meus lobos interiores. Tu sabes, tu conheces os meus lobos, os meus impedimentos, as minhas próprias acusações e condenações. Tu conheces as partes de mim que não te aceitam e me atacam a mim por causa de ti. Tu escutas como eu as condenações à morte que gritam dentro de mim. “Crucifica-o! Crucifica-o!”. Só tu me conheces. Fala, Senhor, em mim, pelo teu Espírito, para que persevere até ao fim.

Compromisso
Vou recolher-me em oração para me fortalecer e poder vencer os meus lobos.