Memória
A memória do Santo Anjo da Guarda de Portugal, cujo culto era tradicional desde tempos remotos, foi oficializada pelo papa Leão X, em 1504, passando a ser celebrada com a maior solenidade em todas as cidades e vilas portuguesas. Ganhou novo incremento quando se divulgou a tríplice aparição do Anjo aos três pastorinhos de Fátima. O papa Pio XII aprovou a inclusão desta memória no Calendário litúrgico português.
LEITURA I Dn 10, 2a, 5-6.12-14ab
Naqueles dias, ergui os olhos e vi um homem vestido de linho, com um cinturão de ouro puro. O seu corpo era semelhante ao topázio e o rosto tinha o fulgor do relâmpago; os olhos eram como fachos ardentes, os braços e as pernas eram brilhantes como o bronze polido e o som das suas palavras era como o rumor duma multidão. Ele disse-me: «Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração para compreender e te humilhaste diante do teu Deus, as tuas palavras foram ouvidas. É por causa das tuas palavras que eu venho. O chefe do reino da Pérsia resistiu-me durante vinte e um dias. Então Miguel, um dos chefes principais, veio em meu auxílio. Eu estive lá, a fazer frente ao chefe dos reis da Pérsia, e vim para te explicar o que vai suceder ao teu povo, no fim dos tempos».
compreender a palavra
No contexto apocalítico, Daniel é visitado por um anjo que lhe revela o mistério do futuro. Os reis da Pérsia não podem resistir ao anjo que protege o povo do Senhor, o resto de Israel, que permanece fiel ao Senhor. Esta intervenção vem na sequência da súplica e entrega do coração de Daniel ao Senhor: “aplicaste o teu coração para compreender e te humilhaste diante do teu Deus, as tuas palavras foram ouvidas”.
meditar a palavra
A linguagem apocalítica usada no livro de Daniel, mistura símbolos e revelações muito pouco usadas por nós e cujo sentido é necessário conhecer. Ao celebrar o dia do Anjo de Portugal percebemos, não tanto a existência de seres espirituais que servem a Deus, mas que Deus escuta a nossa oração e acolhe o nosso coração humilhado. Perante a força das armas e o poder do exército dos reis da Pérsia, Daniel recorre ao poder da oração. Humilhou-se diante de Deus e a sua oração foi atendida. Um anjo foi enviado para travar os reis da Pérsia e salvar o povo do Senhor.
rezar a palavra
Trava com o teu poder, Senhor, a força dos reis que dominam dentro de mim e não me deixam a paz que preciso para ver a tua presença salvadora na minha vida. Acolhe e ensina o meu coração humilhado e contrito e restitui-me a alegria da tua salvação.
compromisso
Vou à presença de Deus de coração humilhado para aprender dele a confiança.
EVANGELHO Lc 2, 8-14
Naquele tempo, havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».
compreender a palavra
O anúncio do nascimento do Salvador é feito pelo anjo do Senhor. Este anjo aparece diversas vezes no antigo testamento para anunciar o nascimento de alguém e para anunciar a libertação do povo de Deus. Aqui, aparece aos pastores para anunciar a chegada do Salvador. O anjo começa por chamar à confiança: “não temais”. Diz ao que vem: “anuncio uma grande alegria”. Esta notícia não é reservada a uns quantos, é para todo o povo. O acontecimento, núcleo da notícia “nasceu-vos hoje um Salvador”, deu-se no silêncio da gruta de Belém, mas deve ser espalhada por toda a parte. O sinal que identifica o menino é um recém-nascido deitado numa manjedoura. Ao anjo junta-se um exército de anjos para dar glória a Deus.
meditar a palavra
O anjo do Senhor, provoca nos pastores a atitude habitual que experimentam os que sentem a presença de Deus, o temor. O anjo é presença de Deus para os homens. É portador de boas notícias. Ele traz a alegria de um Deus que salva na pequenez, na humildade, na insignificância de uma criança recém-nascida. O olhar dos pastores deixa-se cativar pela simplicidade da vida que começa e eles experimentam as maravilhas que Deus realiza na terra. O anjo da guarda de Portugal é um sinal da presença de Deus na vida quotidiana do nosso país, das pessoas que vivem e trabalham neste território. O anjo que nos guarda é sinal do amor de um Deus que, sendo Pai, nos protege e acompanha nos acontecimentos da história do passado do presente e do futuro. Estamos na mão de Deus que continua a revelar-se nas pequenas manifestações da vida que nasce e se manifesta nas pequenas coisas.
rezar a palavra
Dá-me a alegria que o anjo anunciou em Belém aos pastores. A alegria de me saber acompanhado na noite, de me saber visitado pelo salvador, de perceber que cabes nas coisas pequenas e insignificantes da minha vida, de me saber portador de uma notícia para todo o povo. Dá-me, Senhor, a alegria da esperança que renasce em cada recém-nascido, em cada homem e mulher deste povo.
compromisso
Olho para as pessoas deste país com a mesma esperança com que Deus nos olha a todos.