S. Josafat, bispo e mártir
Memória
Josafat (João Kuncewicz) nasceu na Ucrânia, por volta do ano 1580. Filho de pais ortodoxos, abraçou a fé católica e entrou na Ordem de S. Basílio. Ordenado presbítero e eleito bispo de Polotsk, dedicou‑se com grande empenho à causa da unidade da Igreja e cultivou com piedoso amor o rito bizantino-eslavo. Em Witebsk, na Bielorússia – então, sob a jurisdição da Polónia –, cruelmente perseguido por uma multidão inimiga, deu a vida pela unidade da Igreja e defesa da verdade católica. Morreu mártir no dia 12 de novembro do ano 1623.

Leitura I (anos pares) Flm 7-20
Caríssimo: Tive grande alegria e consolação por causa da tua caridade, pois graças a ti, os cristãos sentem-se reconfortados. Por isso, embora tenha a liberdade em Cristo para te ordenar o que deves fazer, prefiro, em nome da caridade, fazer-te um pedido. Eu, Paulo, já ancião, e agora prisioneiro por amor de Cristo Jesus, rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão. Em tempos, ele era inútil para ti, mas agora é útil para ti e para mim. Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração. Quisera conservá-lo junto de mim, para que me servisse, em teu lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho. Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer, para que a tua boa ação não parecesse forçada, mas feita de livre vontade. Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo, a fim de o recuperares para sempre, não já como escravo, mas muito melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor. Portanto, se me consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio. Se ele te deu algum prejuízo ou te deve alguma coisa, põe-no na minha conta. Eu, Paulo, escrevo com a minha mão: eu pagarei; para não dizer que tu mesmo estás em dívida para comigo. Sim, irmão, dá-me esta alegria no Senhor; dá sossego ao meu coração por amor de Cristo.

compreender a palavra
A pequena carta de Paulo a Filémon é reveladora de uma grande mensagem. No tempo em que o cristianismo crescia e se implantava pela ação dos apóstolos, entre os quais estava Paulo, a escravatura era tida como normal. Muitas pessoas, sobretudo os mais ricos, tinham escravos. Acontece que muitos senhores se convertiam ao cristianismo e também muitos escravos aderiam à fé. Apesar disso o estatuto social de cada um não mudava, como podemos ver entre Filémon e Onésimo. Ser escravo não era uma vida fácil e Onésimo fugiu da casa de Filémon. Por sorte, foi encontrar-se com Paulo que lhe anunciou o evangelho. Paulo escreve a Filémon para que ele, tão experimentado na caridade, o receba como irmão. Paulo insiste que o gerou na prisão e agora é como um filho para ele, que o devolve para que a caridade de Filémon não seja ocultada pela obrigação e está disposto a pagar qualquer prejuízo que Onésimo tenha causado.

meditar a palavra
Hoje, ainda há escravatura no mundo, mas entre nós não é uma situação pública, porque a lei não o permite. No entanto, vamos ouvindo algumas notícias de situações em que pessoas são exploradas uma vida inteira. São sobretudo mulheres, crianças e deficientes. Estamos todos obrigados a denunciar este critério assumido por alguns que se julgam donos de outros, senhores e dominadores, possuidores dos outros como se fossem bens, mercadoria, dos quais lavraram escritura. As pessoas pertencem a Deus e não são propriedade de ninguém. Nós, os cristãos, estamos obrigados a vencer em nós estes sentimentos de posse, os sentimentos de superioridade e domínio, bem como a promover aqueles que se sentem inferiores e que, por causa das limitações económicas, humanas, pessoais ou sociais, não são capazes de, por si mesmos, alcançar a liberdade a que têm direito. Está ao alcance da nossa caridade a possibilidade de cultivar o sentimento que nos leva a olhar o outro como um irmão, para lá da sua situação de vida.

rezar a palavra
Liberta o meu coração, Senhor, para não pisar nem oprimir ou dominar os outros como se fossem escravos às minhas ordens, mas como irmãos muito amados saídos do lado aberto de Cristo. Desde o batismo já não há judeu nem grego, escravo ou homem livre, homem ou mulher, todos somos iguais diante de ti, e devemos sê-lo também diante uns dos outros. Faz de nós, irmãos que se amam e se reconhecem no teu amor de Pai.

compromisso
Libertar os oprimidos é obra da caridade, à imagem de Cristo que nos libertou e fez de nós filhos de Deus.

Evangelho Lc 17, 20-25
Naquele tempo, os fariseus perguntaram a Jesus quando viria o reino de Deus e Ele respondeu-lhes, dizendo: «O reino de Deus não vem de maneira visível, nem se dirá: ‘Está aqui ou ali’; porque o reino de Deus está no meio de vós». Depois disse aos seus discípulos: «Dias virão em que desejareis ver um dia do Filho do homem e não o vereis. Hão de dizer-vos: ‘Está ali’, ou ‘Está aqui’. Não queirais ir nem os sigais. Pois assim como o relâmpago, que faísca dum lado do horizonte e brilha até ao lado oposto, assim será o Filho do homem no seu dia. Mas primeiro tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração».

compreender a palavra
O texto está construído sobre a pergunta que os fariseus fizeram a Jesus. A resposta não é de acordo com o que os fariseus esperam. “O Reinos de Deus não virá de maneira visível”. É necessário ter olhos para ver o que não se vê e que já “está no meio de vós”. Jesus depois dirige-se aos discípulos alertando-os para o tempo que vai chegar em que se instalará a confusão de gente a querer ver o Reino aqui e ali. Os discípulos devem estar atentos para reconhecer os verdadeiros sinais do Reino. No final Jesus apresenta o grande sinal do Reino de Deus “o Filho do homem… tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”.

meditar a palavra
A expectativa da chegada do Reino, presente no texto, convida-me a estar atento aos sinais do Reino de Deus que está já no meio de nós e que deve atingir a minha vida em particular. Estar atento aos sinais que manifestam o reino é fundamental para não me perder em reinos que não são de Deus, o meu pequeno reino, o reino dos homens, o reino da riqueza e do poder, da alienação e da ilusão. Olhar para Jesus no seu mistério pascal e perceber os sinais da sua paixão na realidade de cada dia, pode ser o meio eficaz para não me deixar seduzir por falsos alarmes que não são resposta para a minha expectativa.

rezar a palavra
Senhor, dá-me a consciência de discípulo para que centre o meu olhar em ti, no mistério da cruz, e não me perca no meio de tanta propaganda que me promete o que o meu coração deseja. Só tu, Senhor, podes saciar a minha sede e apaziguar os anseios do meu coração. Vem, Senhor, com a tua palavra e instala em mim os alicerces do Reino de Deus que tornaste presente com a tua encarnação.

compromisso
Vou aprender a distinguir os sinais do Reino de Deus que Jesus instaurou no meio de nós.