S. João Paulo II, papa
Memória
Carlos José Wojtyła nasceu na localidade de Wadowice, na Polónia, em 1920. Ordenado presbítero, continuou os seus estudos teológicos em Roma. Regressado ao seu país, foi nomeado bispo auxiliar de Cracóvia e, em 1964, arcebispo do mesmo lugar. Tomou parte no II Concílio Ecuménico do Vaticano. Eleito papa a 16 de outubro de 1978, com o nome de João Paulo II, distinguiu-se pela extraordinária solicitude apostólica, o que o levou a realizar numerosas visitas pastorais a todo o mundo. Entre os frutos mais significativos, deixados em herança à Igreja, destacam-se o seu Magistério e a promulgação do Catecismo da Igreja Católica e do Código de Direito Canónico para a Igreja latina e oriental. Morreu em Roma, no 2 de abril de 2005.

Leitura I (Anos pares) Ef 3, 14-21
Irmãos: Eu dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda a paternidade nos céus e na terra, para que Se digne, segundo as riquezas da sua glória, armar-vos poderosamente pelo seu Espírito, para que se fortifique em vós o homem interior e Cristo habite pela fé em vossos corações. Assim, profundamente enraizados na caridade, podereis compreender, com todos os santos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo, que ultrapassa todo o conhecimento, para que sejais totalmente saciados na plenitude de Deus. Àquele que, pela sua virtude que atua em nós, pode fazer infinitamente mais do que possamos pedir ou imaginar, a Ele a glória, na Igreja e em Jesus Cristo, em todas as gerações, pelos séculos dos séculos. Amen.

compreender a palavra
Paulo pede para nós o pleno conhecimento de Cristo para que, pelo Espírito, ele habite em nossos corações. Pelo conhecimento de Cristo se enraíza a vida cristã na caridade e se aprofunda em nós a plenitude de Deus. Desta forma recebemos mais do que podemos imaginar.

meditar a palavra
O mistério do amor de Deus revelado em Cristo é mistério de caridade. Enraizados na caridade pela ação do Espírito podemos compreender a profundidade do amor de Cristo e a plenitude de Deus. Todo o mistério nos é revelado pelo Espírito que fortifica em nós o homem interior e torna Cristo presente em nossos corações. A oração de Paulo é convite para nos deixarmos invadir e trabalhar pela poderosa ação do Espírito Santo a fim de nos tornarmos manifestação do poder de Deus que realiza em nós mais do que podemos imaginar e faz de nós o lugar da sua glória.

rezar a palavra
Reveste-me, Senhor, com a poderosa arma do Espírito Santo, para conhecer a profundidade do mistério do teu amor revelado em Cristo. Habita em mim, para que a minha vida se enraíze cada vez mais na caridade e seja manifestação da tua glória.

compromisso
Acolher o Espírito é penetrar no mistério do amor e enraizar-se na caridade.

Evangelho Lc 12, 49-53
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda? Tenho de receber um batismo e estou ansioso até que ele se realize. Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão. A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».

compreender a palavra
Jesus apresenta a sua missão de um modo muito enigmático. Ele veio trazer o fogo. E ao mesmo tempo informa os discípulos das consequências dessa missão. “Estarão cinco divididos numa casa”. O fogo é uma manifestação de Deus. De muitos modos Deus se manifestou no fogo. Umas vezes como fogo que cai do céu e destrói o mal fazendo justiça, outras como luz que indica o caminho da libertação. Jesus é esse fogo que vem do céu e queima tudo o que é palha e indica o caminho a todos os que o querem seguir. Jesus sente desejo de que isso aconteça em breve e vai acontecer no batismo, na paixão, lugar de fogo pelo qual tem que passar. Jesus não vem, sem mais, trazer a paz. A paz é algo que tem que ser conquistado e às vezes custa a vida. Perante a pessoa de Jesus nem todos tomam a mesma decisão nem se colocam na mesma posição. Esta dificuldade pode trazer a espada, a divisão, até mesmo entre os membros de uma família, ninguém pode ficar indiferente diante da pessoa e mensagem de Jesus.

meditar a palavra
As palavras de Jesus inquietam e desinstalam-me. Se julgo já ter feito o caminho que me leva a adesão plena, as palavras de Jesus vêm dizer-me que a adesão a ele não é pacífica, é como um fogo que consome o que é vazio de conteúdo e purifica tudo o que tem valor. Posso ser encontrado sem valor, sem peso, sem conteúdo. Jesus quer que a sua palavra se espalhe e cumpra a sua missão. Estarei eu a fugir deste juízo da palavra que revela a minha pobreza interior e me coloca em risco diante do fogo devorador? Diante da palavra de Jesus ninguém pode ficar indiferente. No entanto, eu posso tornar-me um conhecedor da palavra e deixá-la penetrar até à decisão de seguir Jesus, mesmo contra a vontade e diante das ameaças dos outros, da própria família. Estou preparado para fazer o que Jesus me diz na palavra, mesmo que isso suponha ter que me distanciar da vontade dos que me rodeiam?

rezar a palavra
Uns contra os outros por causa de ti, Jesus. Nem sempre consigo compreender como é possível que os homens entrem em conflito por causa da tua palavra. Muitas vezes dentro da mesma casa e dizendo-se todos cristãos, nem todos comungam da mesma decisão de seguir-te. Tantas vezes dentro da mesma casa, com a mesma decisão de te seguir, e ainda assim com rivalidades e discórdias sem sentido. Tantas vezes aqueles que te amam entram em preferências diante de ti, porque não sabem aceitar-se e amar-se na diferença e perdoar-se na ofensa. Como isto me acontece também a mim, Senhor. Ensina-me o caminho do fogo que purifica e da espada que corrige para poder seguir-te na liberdade total.

compromisso
Quero aceitar a cruz que são aqueles que me queimam interiormente por não me compreenderem nem aceitarem na minha experiência de fé.