S. Joaquim e S. Anta
Leitura do Livro de Ben-Sirá
Celebremos os louvores dos homens ilustres, dos nossos antepassados através das gerações. Foram homens virtuosos e as suas obras não foram esquecidas. Na sua descendência permanece a excelente herança que deles nasceu. Os seus filhos são fiéis à aliança e, graças a eles, também os filhos dos seus filhos. A sua descendência permanece para sempre e jamais se apagará a sua memória. Os seus corpos repousam em paz e o seu nome vive através das gerações. Os povos proclamam a sua sabedoria e a assembleia canta os seus louvores.
Compreender a Palavra
Celebramos hoje S. Joaquim e Santa Ana
Ben-Sirá faz o elogio dos antepassados. Aqueles que viveram antes de nós deixaram marcas profundas que continuam a sustentar a vida do povo, da família e de cada um individualmente. Transmitiram valores, critérios de escolha, modos de avaliar, perspetivas de segurança para novos projetos. A eles devemos o que somos e temos. Deles recebemos a fé e as obras da fé com que se constrói cada tempo. Eles não serão esquecidos porque foram homens virtuosos, do mesmo modo que, seguindo o seu exemplo, também nós seremos recordados pelos nossos descendentes.
Meditar a Palavra
Ao celebrar aos pais de Nossa Senhora e avós de Jesus recordamos todos aqueles que antes de nós construíram o mundo no qual nós próprios habitamos. Eles deixaram-nos uma herança que não podemos nem devemos desperdiçar. Tendo vivido em outros tempos eles continuam a ser faróis que indicam o caminho a quantos estão atentos aos seus ensinamentos transmitidos de geração em geração. Uma das grandes riquezas que nos deixaram é a fé. “Os seus filhos são fiéis à aliança e, graças a eles, também os filhos dos seus filhos”. Eles perceberam que no cumprimento da aliança com Deus está a garantia da felicidade. Percebendo a riqueza da fé na vida de cada pessoa, somos chamados a ser fiéis àqueles que amando transmitindo-lhes essa riqueza que só no afeto é possível comunicar.
Rezar a Palavra
A minha fé, Senhor, será estéril se não a comunicar aos outros. A quem poderei eu transmiti-la senão àqueles que me confiaste mais de perto, os filhos, os netos, os irmãos. Que riqueza posso eu transmitir se o ouro e a prata podem ser roubados? Que outros bens posso eu deixar aos outros se a traça pode roer e a ferrugem destruir? Só a fé pode permanecer como tesouro de vida eterna.
Compromisso
Quero construir um “tesouro” para deixar de herança aos meus filhos e aos meus netos.
EVANGELHO Mt 13, 16-17
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Felizes os vossos olhos porque veem e os vossos ouvidos porque ouvem! Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram».
Compreender a Palavra
Jesus responde aos apóstolos sobre o porquê do uso de parábolas para falar às multidões. O texto evangélico desta memória de S. Joaquim e Santa Ana, os pais de Nossa Senhora e avós de Jesus, recorda-nos que há para todos a possibilidade de ser felizes se, abrindo o coração, quiserem entender o mistério escondido aos nossos olhos mas revelado por Jesus com palavras e gestos e sobretudo com a sua vida. As parábolas servem para que se entenda melhor o mistério que não se consegue dizer com palavras nem se consegue ver com os olhos, mas se alcança pela fé. Muitos ouvem e veem mas não entendem nem compreendem porque são duros de coração. O discípulo, abre o coração e entendem e compreende pela fé o mistério que de outra forma não se consegue compreender.
Meditar a Palavra
Envelhecer, como S. Joaquim e Santa Ana não é apenas um processo biológico. Envelhecer não significa perder faculdades físicas e intelectuais. Pelo contrário, trata-se de um processo através do qual vamos penetrando no mistério de Deus e do homem cada vez mais profundamente. Saber envelhecer significa saber desprender-se do que é transitório e fixar-se no que é essencial. Ora o essencial é invisível aos olhos mas não ao coração e menos ainda à fé. Jesus convida-nos a deixar cair tudo que impede ver e ouvir para penetrar no mistério de Deus. Como S. Joaquim e Santa Ana podemos chegar a conhecer este mistério de Deus, distribuindo afetos e vivendo na simplicidade das nossas responsabilidades quotidianas sendo filhos, sendo pais, sendo avós, sendo netos.
Rezar a Palavra
Senhor, no afeto dos abraços e beijos dos meus avós reconheço o teu amor por mim. Quero agradecer-te por tanto carinho, tanto amor, tanta atenção com que rodeaste a minha vida através dos meus avós. Que essa seja para mim a minha verdadeira herança e nela reconheça que sou amado por ti tanto quanto por eles.
Compromisso
Vou visitar os meus avós ou pelo menos rezar por eles.
(Leituras da féria)
Jeremias 2, 1-3.7-8.12-13
O Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Vai proclamar aos ouvidos de Jerusalém: Assim fala o Senhor: Lembro-Me do afecto da tua juventude, do amor do teu noivado, quando Me seguias no deserto, numa terra onde não se semeia. Israel era então uma herança sagrada do Senhor, primícias da sua colheita. Aqueles que a devoravam recebiam a paga: a desgraça caía sobre eles – oráculo do Senhor –. Eu conduzi-vos a uma terra de pomares, para comerdes dos seus ricos frutos. Mas logo que entrastes, profanastes a minha terra e fizestes da minha herança um lugar abominável. Os sacerdotes não perguntavam: ‘Onde está o Senhor?’. Os mestres da Lei não Me conheceram, os guias do povo revoltaram-se contra Mim, os profetas vaticinaram em nome de Baal e foram atrás de deuses que nada valem. Pasmai de tudo isto, ó céus, estremecei de horror e espanto – diz o Senhor –, porque o meu povo cometeu dois pecados: abandonaram-Me a Mim, fonte de água viva, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não conservam a água».
Compreender a Palavra
O profeta retrata a tristeza de Deus pelo seu povo. Acompanhado pelo Senhor no longo deserto desde o Egito até Canaã o povo foi salvo e protegido de todos quantos quiseram deitar-lhe a mão “aqueles que a devoravam recebiam a paga: a desgraça caía sobre eles”. Viveram como um namoro de juventude, um noivado no tempo do deserto, porque o coração do povo estava centrado no coração do seu salvador. Mas ao chegar à terra da promessa, logo se esqueceram de Deus e voltaram o coração para baal. O Senhor está desalentado com tamanha ingratidão. Mas o que mais dói ao Senhor é que Israel anda à procura de água em cisternas rotas quando nele se encontra a água viva. É grande esta rejeição. E fere o íntimo do coração de Deus.
Meditar a Palavra
Como Israel, também nós fazemos da experiência de fé uma experiência passageira, como amores de juventude que passam sem deixar lembrança ou amores de noivado que duram o tempo da festa. No deserto da vida é fácil aceitar o Senhor, pois não há quem se aproxime para salvar, guiar ou mostrar preocupação e afeto. Mas ao chegar o tempo da abundância logo o coração se desvia para longe do Senhor. A experiência de Israel é dura mas é também recorrente como a nossa. Sem Deus volta a escravidão, o sofrimento, o vazio, a ausência que ninguém mais pode preencher. O Senhor é a fonte da água viva, mas logo que nos vemos saciados, esquecemos o vazio experimentado e regressamos à aventura de viver sem Deus, regressamos às cisternas rotas que não contêm a água.
Rezar a Palavra
Fideliza o meu coração, Senhor, e não permitas que esqueça o amor com que me amas, para que encontre em ti e só em ti a água viva que sacia a minha sede, que preenche o vazio interior, que me anima no caminho da vida. Saiba eu acolher as manifestações do teu amor protetor e renovar-me na fonte que jorra para a vida eterna.
Compromisso
Não posso voltar as costas à fonte que jorra vida eterna.
Evangelho: Mt 13, 10-17
Naquele tempo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Porque lhes falas em parábolas?». Jesus respondeu: «Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos Céus, mas a eles não. Pois àquele que tem dar-se-á e terá em abundância; mas àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. É por isso que lhes falo em parábolas, porque vêem sem ver e ouvem sem ouvir nem entender. Neles se cumpre a profecia de Isaías que diz: ‘Ouvindo ouvireis, mas sem compreender; olhando olhareis, mas sem ver. Porque o coração deste povo tornou-se duro: endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para não acontecer que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos e compreendendo com o coração, se convertam e Eu os cure’. Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque vêem e os vossos ouvidos porque ouvem! Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram».
Compreender a Palavra
Jesus responde à interrogação dos discípulos sobre a razão do uso das parábolas para falar às multidões. Na sua explicação, Jesus, proclama felizes os discípulos porque vêm e ouvem. Nem todos vêem e ouvem ou conhecem os mistérios do Reino. Alguns quiseram ver e ouvir e não o puderam fazer. Outros, não vêem nem ouvem porque endureceram o coração, fecharam os olhos e taparam os ouvidos. Há alguns que não querem converter-se e, por isso, não querem ver nem ouvir o que Jesus tem para dizer.
Meditar a Palavra
Sou convidado a escutar com o coração para entender os mistérios do reino revelados por Jesus. Foram-me dados olhos e ouvidos para ver e ouvir o que Deus tem para me dizer e foi-me dado coração para entender o que não posso entender com a inteligência. Preciso de abrir o coração para a Palavra que Jesus me dirige, porque a palavra é que pode transformar o meu coração, abrir os meus olhos e desimpedir os meus ouvidos. Concede-me, Senhor, esta graça.
Rezar a Palavra
Converte o meu coração, Senhor, ao dom do reino que me ofereces. Que eu veja e oiça e o meu coração ame o que tens para me oferecer. Que eu possa ser feliz por ver e ouvir o que tantos quiseram ver e ouvir e não tiveram oportunidade. Faz de mim um homem feliz e disponível para os dons que me revelas.
Compromisso
Serei incansável na busca dos mistérios do reino que Jesus me oferece na sua palavra.