Missa Crismal
LEITURA I – Is 61, 1-3a.6a.8b-9
O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova aos infelizes, a curar os corações atribulados, a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, a proclamar o ano da graça do Senhor e o dia da acção justiceira do nosso Deus; a consolar todos os aflitos, a levar aos aflitos de Sião uma coroa em vez de cinza, o óleo da alegria em vez do trajo de luto, cânticos de louvor em vez de um espírito abatido. Vós sereis chamados «Sacerdotes do Senhor» e tereis o nome de «Ministros do nosso Deus». — Eu lhes darei fielmente a recompensa e firmarei com eles uma aliança eterna —. A sua linhagem será conhecida entre os povos e a sua descendência no meio das nações. Quantos os virem terão de os reconhecer como linhagem que o Senhor abençoou.
Compreender a Palavra
Esta passagem de Isaías insere-se na celebração da Missa Crismal e nesse contexto deve ser compreendida. As palavras do profeta indicam uma missão profética e futura. O Senhor virá salvar o seu povo da opressão através de alguém em quem fará repousar o seu espírito. Os opressores não terão poder contra ele e reconhecerão que o Senhor abençoou o seu povo. Os oprimidos, aqui chamados infelizes, atribulados, cativos, prisioneiros, aflitos, serão libertados, curados, consolados, coroados e ungidos. Estes serão um povo de sacerdotes, “ministros do nosso Deus”.
Meditar a Palavra
Jesus apropria-se destas palavras na sinago de Nazaré, segundo o evangelho de Lucas 4,18-19 e aplica a si mesmo a missão aqui indicada porque nele repousa o Espírito do Senhor. Jesus Cristo, o ungido, realiza a libertação do povo e estabelece a nova aliança no seu sangue. Desta forma dá início a um novo povo, a Igreja, que somos nós, os cristãos, que participamos da mesma unção, no Espírito. Ungidos no batismo e no Crisma, também nós recebemos a missão de anunciar a Boa Nova para a libertação daqueles que vivem infelizes, atribulados pela vida, cativos das situações e prisineiros dos poderes instalados. Somos, como Cristo, enviados a proclamar um ano de graça e a chegada da justiça que apróxima o coração de Deus do coração do homem.
Rezar a Palavra
Ungiste-me, Senhor, com o óleo da alegria. Desceu sobre mim o teu Espírito e envia-me a ser libertação para todos os que estão sujeitos aos poderes opressores deste mundo. Chamaste-me a anunciar a Boa notícia da libertação do luto e da tristeza para que reine no coração dos homens a alegria da salvação.
Compromisso
Quero aceitar os desafios do Espírito que desceu sobre mim no meu batismo.
LEITURA II – Ap 1, 5-8
A graça e a paz vos sejam dadas por Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus, seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amen. Ei-l’O que vem entre as nuvens e todos os olhos O verão, também aqueles que O trespassaram: por causa d’Ele hão-de lamentar-se todas as tribos da terra. Sim. Amen. «Eu sou o Alfa e o Ómega, — diz o Senhor Deus — Aquele que é, que era e que há-de vir, o Senhor do Universo».
Compreender a Palavra
O texto do Apocalipse centra-nos na figura de Jesus Cristo reconhecendo que ele é a testemunha fiel, o primogénito, o príncipe, aquele que nos ama e derramou o seu sangue para fazer de nós um reino de sacerdotes para Deus. Ele é o Alfa e o Ómega, o que é, que era e que ha de vir. A ele todos hão de dar glória.
Meditar a Palavra
A história está marcada pelo sangue de Cristo derramado na cruz. Por causa disso uns se lamentam e outros dão glória. A cruz é lugar de contradição porque manifesta o pior do homem e o melhor de Deus. Da iniquidade que supõe a morte de Crtisto na cruz, Deus faz surgir um povo de sacerdotes. Olhando para ele uns e outros, os que o traspassaram e os que nele creem reconhecem que só a ele pertence todo o louvor e toda a glória. pelos séculos dos séculos. Neste dia a Igreja dá glória a Deus por Cristo, porque nos deu o sacerdócio como dom.
Rezar a Palavra
No teu sangue, Senhor, fomos tornados sacerdotes do altíssimo. Participando na tua morte e ressurreição pelo batismo, também nós entrámos contigo no santuário celeste para glorificar a Deus Pai. Tu és o princípio e o fim de todas as coisas também do nosso louvor. Queremos consagrar-nos a ti no exercício deste sacerdócio com que nos revestiste.
Compromisso
Reconheço diante de Jesus o dom com que fui revestido no batismo e na ordenação sacerdotal, e dou glória a Deus Pai.
EVANGELHO Lc 4, 16-21
Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, onde Se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou na sinagoga a um sábado e levantou-Se para fazer a leitura. Entregaram-Lhe o livro do profeta Isaías e, ao abrir o livro, encontrou a passagem em que estava escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor». Depois enrolou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-Se. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga. Começou então a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».
Compreender a Palavra
Jesus faz recair sobre si mesmo o cumprimento da palavra do profeta, dizendo “cumpriu-se hoje mesmo”. Com esta afirmação e tomada de consciência mostra que ele está revestido,, ungido pelo Espírito, para realizar a missão que o Pai lhe confiou. As palavras do profeta Isaías são um programa de vida para Jesus que ele vai concretizar com gestos e palavras até ao limite da sua existência enquanto homem e enquanto Deus. Gestos de amor ilimitado que oferecem em cada instante a totalidade da vida e palavras que manifestam e oferecem a vida eterna a todos os que acreditam nele.
Meditar a Palavra
O programa de Jesus é o programa da Igreja e dos seus membros. Todos fomos ungidos pelo mesmo Espírito que desceu sobre Jesus, para oferecermos a nossa vida pela mesma causa. Os gestos da Igreja e os nossos gestos hão de repetir os gestos de Jesus pela humanidade reconhecendo em cada homem um irmão e filho de Deus e as nossas palavras hão de revelar a verdade do coração que se dá em amor a todos. Desta forma a palavra do profeta também se cumpre no “hoje” da Igreja e da vida de cada crente.
Rezar a Palavra
Senhor Jesus, renova em mim a força do Espírito que desceu sobre mim no batismo para que transforme a minha vida na verdade dos gestos e das palavras que repito em teu nome para que o mundo creia que se cumprem “hoje” todas as promessas anunciadas pelos profetas.
Compromisso
Renovo-me na celebração do mistério Pascal para me tornar outro Cristo nos gestos e nas palavras.