S. Martinho de Tours, bispo
Memória
Martinho nasceu na Panónia, no território da hodierna Hungria, por volta do ano 316. Nascido de pais pagãos e, chamado ao serviço militar na Gália, quando era ainda catecúmeno, cobriu, com o seu manto, a Cristo na pessoa de um pobre. Depois de receber o Batismo e de renunciar à carreira militar, fundou um mosteiro em Ligugé, na França, onde levou vida monástica, sob a direção de S. Hilário de Poitiers. Depois, foi ordenado presbítero e, mais tarde, eleito bispo de Tours. Foi modelo insigne de bom pastor: fundou mosteiros e paróquias, dedicou‑se à formação e reconciliação do clero e à evangelização dos rurais. Morreu em Candes, no ano 397. Santo muito popular, é o primeiro confessor não mártir a ser venerado com rito litúrgico. O dia 11 de novembro é a data da deposição do seu corpo.
Leitura I (anos pares) Tt 3, 1-7
Caríssimo: Recorda a todos os irmãos que devem ser submissos aos governantes e às autoridades, que devem obedecer-lhes e estar prontos para toda a boa obra. Não digam mal de ninguém, não sejam conflituosos, mas pacíficos, mostrando-se sempre atenciosos para com todos. Também nós, antigamente, éramos insensatos, rebeldes, transviados, escravos de toda a espécie de paixões e prazeres, vivendo na perversidade e na inveja, odiados e odiando-nos uns aos outros. Mas, ao manifestar-se a bondade de Deus nosso Salvador e o seu amor para com os homens, Ele salvou-nos, não pelas obras justas que praticámos, mas em virtude da sua misericórdia, pelo batismo da regeneração e renovação do Espírito Santo, que Ele derramou abundantemente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso Salvador, para que, justificados pela sua graça, nos tornássemos, em esperança, herdeiros da vida eterna.
compreender a palavra
Paulo recomenda a Tito que construa a comunidade cristã instruindo os seus membros de acordo com princípios que os identificam com Cristo. Estes princípios simples devem ser postos em prática por causa da misericórdia que Deus teve connosco. Obedecer às autoridades e estar disponíveis para a construção da sociedade. Evitar conflitos e maledicência e mostrar amabilidade. O motivo é que também nós devemos tudo o que somos à benevolência de Deus que nos salvou na sua misericórdia. Nós também éramos rebeldes e insensatos. Foi em Cristo, graças à abundância da graça que fomos batizados e nele regenerados pelo Espírito Santo. Somos o que somos por graça e não por termos merecido, assim devemos proceder para com os que ainda vivem na insensatez.
meditar a palavra
Estas palavras de Paulo a Tito são muito significativas para nós. Vivemos no meio dos homens usufruindo e suportando de todos os bens e males da sociedade. Não podemos colocar-nos à margem da sociedade, mas entrar na sua construção para que seja cada vez mais propícia a todos os cidadãos. É verdade que somos cidadãos de outro reino e não temos aqui morada permanente, mas não nos alheamos das realidades deste mundo. Preocupamo-nos com os outros e por isso os tratamos com amabilidade e sem críticas porque já fomos como eles, insensatos. Vivemos agradecidos pelo dom da graça que nos foi dada no batismo. Porque recebemos de graça não nos gloriamos nas nossas forças, mas da gratuidade de Deus e compreendemos os que ainda não receberam a mesma renovação no Espírito Santo.
rezar a palavra
Pelo batismo recebi a abundância da graça que me regenerou para uma nova existência diante de ti, Senhor, e diante dos homens. Quero ser paciente para com os que erram e se enganam nos modelos de vida a seguir e quero obedecer àqueles que colocaste como chefes das nações ainda que não compreendam o dom da vossa graça.
compromisso
Vou ser obediente e compassivo.
Evangelho Lc 17, 11-19
Naquele tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância, disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». Ao vê-los, Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?». E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».
compreender a palavra
Jesus caminha para Jerusalém e passa entre a Samaria e a Galileia quando surgem dez leprosos. Dirigem-se a Jesus chamando-lhe Mestre e esperam que os cure. A resposta de Jesus dá-lhes confiança porque, embora não lhes tenha dito que estão curados, manda-os à presença dos sacerdotes para que decidam da sua cura e da possibilidade de regressar à vida normal. O texto caminha a passos largos para o momento mais importante de toda a narração que é o regresso de um samaritano que vem agradecer a cura operada durante o caminho. A decisão final está nas palavras de Jesus “Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?”.
meditar a palavra
A salvação que Jesus vem trazer é oferecida a todo o homem na sua situação de leproso, pecador. Muitos são os que escutam a palavra salvadora de Jesus e recebem com ela o mistério da vontade salvífica de Deus. Jesus, porém, deixa bem claro que esta salvação não é exclusiva de um grupo ou de um povo. Ele caminha entre judeus e samaritanos, estende uma mão para cada lado do caminho e a sua palavra pode ser escutada pelos dois lados. Todos os homens podem agora receber o dom de Deus oferecido em Jesus. A força de Jesus parece manifestar-se mais junto dos mais fracos. É um samaritano, o excluído, o que está em menor número, que volta para a gradecer. Sobre ele cai o elogio de Jesus.
rezar a palavra
Quantas vezes, Senhor, aqueles que parecem estar mais longe de ti me dão verdadeiras lições de fé e confiança. Mergulhado no meu cristianismo de rotina esqueço o mais importante que é o coração agradecido que reconhece o dom de Deus que me é oferecido diariamente. Obrigado, Senhor, por este samaritano que desperta a minha consciência.
compromisso
Quero reaprender a capacidade de agradecer de todo o coração a Deus e aos irmãos por todo o bem que recebo.