São Francisco de Assis
Memória
Francisco nasceu em Assis, na Úmbria, região da Itália, no ano 1182. Depois de uma juventude leviana, converteu‑se a Cristo, renunciou a todos os bens paternos e entregou‑se inteiramente a Deus. Abraçou a pobreza para seguir mais perfeitamente o exemplo de Cristo e pregava a todos o amor de Deus. Enamorado de Cristo, centrou na contemplação do Presépio e do Calvário a sua experiência espiritual. Trouxe no seu corpo os sinais da Paixão. Nele se reintegrou a harmonia com toda a criação, da qual se fez intérprete no cântico das criaturas. Formou os seus companheiros com normas excelentes, inspiradas no Evangelho, que foram aprovadas pela Sé Apostólica. Fundou também uma Ordem de religiosas e uma Ordem Terceira para seculares. Morreu no dia 3 de outubro de 1226.

Leitura I: Neemias 2, 1-8

No mês de Nisã do ano vinte do reinado de Artaxerxes, em que eu era o copeiro-mor, tomei o vinho e servi-o ao rei. Como eu nunca me apresentara triste na sua presença, o rei perguntou-me: «Porque tens o rosto abatido? Não estás doente; mas certamente tens o coração angustiado». Eu assustei-me, mas respondi ao rei: «Viva o rei para sempre! Como não havia de andar tão triste, se a cidade onde estão os túmulos dos meus pais está em ruínas e as suas portas devoradas pelo fogo?». O rei disse-me: «Então que desejas fazer?». Eu invoquei o Deus dos Céus e respondi ao rei: «Se te agrada, ó rei, e estás contente com o teu servo, manda-me ir a Judá para reconstruir a cidade onde estão os túmulos dos meus pais». O rei, que tinha a rainha a seu lado, perguntou-me: «Quanto tempo durará a tua viagem? Quando voltarás?». Marquei uma data. O rei concordou e deixou-me partir. Eu disse ainda ao rei: «Se parecer bem ao rei, dêem-me cartas para o governador da província ocidental do Eufrates, a fim de me deixarem passar, até eu chegar a Judá, e também uma carta para Asaf, intendente do parque florestal, a fim de me dar madeira para reconstruir as portas da cidadela do templo, as muralhas da cidade e a casa onde vou morar». O rei concedeu-mo, porque a mão bondosa do meu Deus estava comigo.

Compreender a Palavra
Artaxerxes não era um rei crente no Deus único como os judeus. Mas, tendo ao seu serviços homens e mulheres de origem judaica, conhecia as suas tradições religiosas e a saudade da sua terra. Era um homem bom, de coração compassivo e atento àqueles que o serviam dedicadamente. É com este coração que escuta o seu servo. O seu servo fiel, copeiro-mor, está triste e o rei nota e questiona-o sobre a razão de tal tristeza. O rei desceu até à vida do seu criado e experimentou a razão da sua tristeza, deu-lhe valor, deixou-se inquietar e percebeu a importância da situação. Por isso o rei concorda em deixar partir o seu servo fiel e dá-lhe cartas para poder encontrar apoio na reconstrução da cidade de Jerusalém.

Meditar a Palavra
Um homem bom, mesmo que seja o rei, deixa-se conduzir por Deus mesmo sem o conhecer. Deus comando o coração do homem para que ele, com as suas capacidades, faculdades e autoridade realize o maior bem possível. Deus não se substitui ao rei, ao pai, à autoridade. Através do coração de cada homem chega a realizar o bem necessário para cada pessoa, Os súbditos, os filhos, os empregados, os mais pobres, os fracos, os que não têm em si a liberdade de cuidar da sua própria vida, precisam de homens e mulheres de coração bom, onde Deus pode atuar em favor deles. A fé é um requisito muito importante na vida das pessoas, só por si altera os parâmetros com que vemos a realidade e avaliamos as situações. No entanto, mesmo quem não tem fé ou tem uma fé diferente da nossa, se tiver um coração bom, pode ser instrumento para Deus cuidar daqueles que lhe são favoritos, os mais pequenos e frágeis de entre os homens.

Rezar a Palavra
Dá-me, Senhor, um coração bom, grande para amar forte para lutar, capaz de vencer a inércia da minha indiferença e o cinismo da minha avaliação. Mostra-me que a grandeza não está no lugar que ocupo entre os homens mas na capacidade de descer e me identificar com aqueles que experimentam a tristeza.

Compromisso
Quero identificar-me com aqueles que experimentam a tristeza da ruína das suas próprias vidas para permitir que Deus atue no meu coração a seu favor.


Evangelho: Lc 9, 57-62

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos iam a caminho de Jerusalém, quando alguém Lhe disse: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores». Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm as suas tocas e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça». Depois disse a outro: «Segue-Me». Ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». Disse-lhe Jesus: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus». Disse-Lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família». Jesus respondeu-lhe: «Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus».

Compreender a Palavra
Lucas apresenta Jesus e os discípulos a fazer o caminho de Jerusalém, o caminho de Jesus, único caminho. Ao ver Jesus subir, muitos vão experimentando a sedução por Jesus e querem segui-lo, outros são chamados por Jesus, mas todos sentem receio na hora de decidir. Podemos imaginar a cena. Lucas relata-nos três situações. A primeira e a terceira falam de homens que se dirigem a Jesus manifestando o seu desejo de o seguir, mas colocam também as dificuldades em fazê-lo imediatamente. O segundo é chamado por Jesus mas, também ele, faz o pedido de deixar para mais tarde a decisão. Em todas as situações está presente a consciência de que é necessário deixar para trás o que se tem, o que fez parte da vida até então. Por isso todos pedem alguma coisa a Jesus, mostrando a dificuldade de deixar tudo. Quem quer seguir Jesus tem que perceber a urgência de largar tudo e segui-lo.

Meditar a Palavra
Quando olho para Jesus no seu caminho sinto uma grande sedução, uma atração, pelo radicalismo da sua entrega e do seu desprendimento. Simultaneamente experimento o receio, o medo, de largar tudo o que tenho e me impede de o seguir livremente. Vou sempre guardando alguma coisa, algum afeto, alguma relação, algo que me satisfaça a aridez humana para que não me sinta desprotegido, despojado, inseguro. Jesus devia ser a minha única segurança, mas tenho tanta dificuldade em esvaziar-me totalmente das minhas seguranças humanas. Como os homens do Evangelho, encontro sempre alguma coisa que me impede de ser totalmente livre diante de Jesus.

Rezar a Palavra
“Seguir-te-ei, Senhor, para onde quer que fores”. Desejo dizer-te estas palavras, Senhor, com toda a liberdade do meu coração. Desejo traduzir com verdade na minha vida a vontade de te seguir para toda a parte, mesmo para a cruz. Quero ser capaz de unir a minha vida à tua e fazer dela uma dádiva total ao teu reino. Liberta-me, Senhor, de tudo o que me impede de dizer um sim total.

Compromisso
Vou fazer uma experiência de desprendimento de mim mesmo e de dedicação a alguém que precisa de auxílio.