S. Boaventura, bispo e doutor da Igreja
Memória
Boaventura nasceu aproximadamente no ano 1218, em Bagnoregio, na Etrúria, região da Itália. Estudou Filosofia e Teologia em Paris, e, a seguir, ensinou as mesmas disciplinas aos seus irmãos da Ordem dos Frades Menores. Foi eleito ministro geral da sua Ordem, cargo que exerceu com prudência e sabedoria. Nomeado cardeal bispo de Albano participou no segundo Concílio de Lyon, trabalhando pela unidade da Igreja, vindo aí a falecer em 15 de julho de 1274. Escreveu muitas obras filosóficas e teológicas, destacando o seu Itinerário da mente para Deus.
Leitura I Is 10, 5-7.13-16
Assim fala o Senhor: «Ai da Assíria, vara da minha ira e bastão da minha cólera! Enviei-a contra uma nação ímpia, mandei-a contra um povo que provoca o meu furor, para o saquear e levar os despojos, para o pisar como a lama das ruas. Mas a Assíria não pensava desse modo, o seu coração não tinha esse plano. O que ela pretendia era aniquilar, exterminar o maior número de nações. Porque ela diz: ‘Eu agi pela força do meu braço, atuei com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Mudei as fronteiras dos povos, saqueei os seus tesouros, como um herói, derrubei os seus chefes. Como quem mete a mão num ninho, assim me apoderei da riqueza dos povos e, como se apanham ovos abandonados, assim eu apanhei a terra inteira, sem que houvesse um bater de asas, nem um pio sequer’. Porventura gloria-se o machado contra quem o empunha? Ou levanta-se a serra contra aquele que a maneja? Como se o bastão pudesse manejar quem o levanta ou o cajado pudesse levantar quem não é de madeira como ele! Por isso, o Senhor Deus do Universo fará definhar os mais robustos da Assíria e debaixo da sua glória acender-se-á um braseiro, um fogo devorador».
compreender a palavra
A história da humanidade está marcada pela presença e ação de Deus. Nem sempre o homem é capaz de ver a ação de Deus nos acontecimentos. É o que sucede com a Assíria que, julgando-se sábia, inteligente e poderosa, atribui a si mesmas a conquistas do mundo inteiro e a submissão dos povos. Entende-se como dona de todo o mundo. Mas Deus apenas se tinha servido da Assíria para consciencializar o seu povo da sua infidelidade e o fazer voltar para ele de todo o coração. Porque a Assíria pretendeu ir mais longe do que o Senhor tinha no seu projeto, agora a ira do Senhor volta-se contra ela e “fará definhar os mais robustos da Assíria e debaixo da sua glória acender-se-á um braseiro, um fogo devorador”. Porque o Senhor não destrói, não aniquila, purifica e dá vida.
meditar a palavra
A palavra do Senhor, comunicada pelo profeta Isaías, obriga-nos a pensar na história da nossa própria vida e verificar os contornos da presença de Deus nas circunstâncias dos seus acontecimentos e momentos. Se o nosso olhar souber ver e o nosso entendimento quiser perceber, veremos que a mão de Deus veio para nos salvar e não para nos destruir, mesmo naqueles momentos que contrariaram a nossa vontade, impediram os nossos projetos e não satisfizeram os nossos desejos. À distância do tempo, vê-se melhor a ação libertadora de Deus nas nossas vidas. Sobretudo os momentos que nos provocaram lágrimas e tristeza, sofrimento e dor, foram momentos de grande purificação para abrirmos o coração para Deus. Se o não percebemos na altura, podemos percebe-lo agora e louvar o Senhor que de forma tão estranha para nós, nos salvou.
rezar a palavra
Fazes comigo uma história de liberdade e de amor. Permites-me ser livre e senhor da minha vida e queres a minha alegria e, por isso, vais purificando, podando e limpando o que em mim impede o verdadeiro encontro contigo, fonte da verdadeira alegria. És sábio e conheces os meus limites, a força dos meus inimigos e o poder da maldade dos homens. Pegas-me ao colo e não permites que os inimigos como a Assíria, exerçam a sua força aniquiladora, porque me amas. Se por momentos sinto o peso do meu castigo, logo vens em meu auxílio não permitindo que os inimigos se riam de mim. Ergues a taça a transbordar, com óleo me perfumas a cabeça e na alegria renovas o meu coração.
compromisso
Só o Senhor me liberta e me salva.
Evangelho: Mt 11, 25-27
Naquele tempo, Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar».
Compreender a Palavra
Esta exclamação de Jesus é uma oração que fala ao Pai e aos homens. Jesus reage à recusa daqueles que tendo visto milagres não quiseram acreditar dirigindo-se ao Pai. As palavras de Jesus mostram a acção do Pai que revela e esconde, dá a conhecer e oculta a verdade sobre o Pai e o Filho. Deus é esse mistério entre o Pai e o Filho que ninguém pode conhecer excepto os pequeninos porque só eles acolhem a revelação do Pai.
Meditar a Palavra
Consegui aprender tantas coisas sobre Deus. A catequese, as leituras pessoais, a escuta e meditação da Palavra, o estudo da teologia, deram-me a conhecer Deus. Neste momento da minha vida posso tomar a atitude dos sábios e inteligentes que julgam saber tudo sobre Deus e poder assim dominá-lo, controlá-lo, ao ponto de não serem surpreendidos por Ele. Posso também tomar a atitude dos simples, dos pequenos, dos que estão sempre famintos e esperam um pouco mais. Posso deixar-me surpreender por Deus, experimentá-lo sempre novo em cada encontro e perceber a sua eterna novidade em mim. Essa novidade tornará feliz a minha busca, o meu desejo, o meu caminho para Ele.
Rezar a Palavra
“Revelaste aos pequeninos”. Quero ser pequenino, Senhor. Quero que os meus olhos brilhem como os das crianças diante das estrelas, do fogo ou da magia. Quero fazer da minha vida a experiência sempre nova do teu amor e deixar-me surpreender e deslumbrar nas centelhas da tua manifestação. Ensina-me, Senhor, a arte do maravilhamento.
Compromisso
Hoje ficarei surpreendido com a manifestação de Deus em mim.