São Justino, mártir
Memória
Justino nasceu no início do século II, em Siquém – hoje, Nablus –, na Samaria, de família pagã. Leigo, apaixonado investigador da verdade, encontrou na fé de Cristo a verdadeira sabedoria. Escreveu diversas obras em defesa da fé cristã, mas apenas se conservam as duas Apologias e o Diálogo com Trifão. Na primeira Apologia lê-se a mais antiga descrição da celebração eucarística. Sofreu o martírio em Roma, juntamente com seus companheiros, no tempo do imperador Marco Aurélio Antonino, por volta do ano 165.
Leitura I At 20, 28-38
Naqueles dias, disse Paulo aos anciãos da Igreja de Éfeso: «Tende cuidado convosco e com todo o rebanho, do qual o Espírito Santo vos constituiu vigilantes para apascentardes a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho. Eu sei que, depois da minha partida, se hão de introduzir entre vós lobos devoradores que não pouparão o rebanho. De entre vós mesmos se hão de erguer homens com palavras perversas, para arrastarem os discípulos atrás de si. Por isso, sede vigilantes e lembrai-vos que, durante três anos, noite e dia, não cessei de exortar com lágrimas cada um de vós. Agora entrego-vos a Deus e à palavra da sua graça, que tem o poder de construir o edifício e conceder a herança a todos os santificados. Não desejei prata, ouro ou vestuário de ninguém. Vós próprios sabeis que estas mãos proveram às minhas necessidades e às dos meus companheiros. Em tudo vos mostrei que é trabalhando assim que devemos acudir aos mais fracos; e recordo-vos as palavras do Senhor Jesus: ‘Há mais felicidade em dar do que em receber’». Dito isto, Paulo pôs-se de joelhos e orou com eles. Todos romperam em pranto e, lançando-se ao pescoço de Paulo, começaram a abraçá-lo, consternados sobretudo por ele lhes ter dito que não mais tornariam a ver o seu rosto. Em seguida, acompanharam-no até ao barco.
compreender a palavra
Paulo está a viver um momento de despedida, convencido de que não volta a ver aquelas pessoas que lhe são tão caras e, por isso, faz-lhes algumas recomendações tanto em ordem ao presente como em ordem ao futuro que não perece ser promissor. Paulo diz-lhes “Tende cuidado convosco e com todo o rebanho”, “depois da minha partida, se hão de introduzir entre vós lobos devoradores”, “sede vigilantes”, “entrego-vos a Deus e à palavra da sua graça, que tem o poder de construir o edifício e conceder a herança a todos os santificados”. Depois, Paulo reza com todos os presentes e, como é natural, todos choram na despedida.
meditar a palavra
Paulo sente uma grande afeição por aqueles a quem tinha anunciado o evangelho. Experimentou-se pai que dá vida e mãe que dá à luz os que, pelo evangelho anunciado, iniciaram uma vida nova em Cristo. Sente os perigos e chama a atenção de todos particularmente dos responsáveis pelas comunidades. Os perigos para a fé, para os crentes, são muitos e podem vir de dentro da própria comunidade. O evangelho liga as pessoas numa experiência que, sendo humana, ultrapassa os limites do humano e chega a ser divina. O cuidado pelo outro não assenta, como diz Paulo, no ouro nem na prata, mas no desejo interior e profundo de que a salvação aconteça na sua vida. É aqui que podem surgir as dificuldades. Nem todos jogam com as mesmas armas, de um lado estão os que amam o evangelho e de outro os que procuram os seus interesses.
rezar a palavra
Senhor Jesus que acolhes a oração dos simples e dos fracos, olha para nós neste dia em que a tua palavra nos alerta contra os lobos devoradores e faz-nos compreender que os verdadeiros inimigos do evangelho estão dentro de nós e não fora. Dá-nos um amor inabalável à tua palavra e à salvação que nos ofereces e ensina-nos a amar os irmãos ao ponto de tudo fazermos para lhes levar a boa nova do evangelho.
compromisso
Hoje é dia de viajar: Vou ao meu interior à procura dos lobos que me impedem acreditar e aceitar o evangelho sem medo e vou perguntar-me sobre a minha responsabilidade em relação à salvação dos que estão a meu lado.
Evangelho Jo 17, 11b-19
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e orou deste modo: «Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que Me deste, para que sejam um, como Nós. Quando Eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que Me deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição; e assim se cumpriu a Escritura. Mas agora vou para Ti; e digo isto no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra e o mundo odiou-os, por não serem do mundo, como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo. Consagra-os na verdade. A tua palavra é a verdade. Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo. Eu consagro-Me por eles, para que também eles sejam consagrados na verdade».
compreender a palavra
A primeira ideia do texto é a pertença ao Pai. O Pai cuida de Jesus e Jesus cuida dos discípulos. Agora que Jesus parte, o Pai cuidará dos discípulos porque pertencem a Jesus e porque receberam a Palavra e ainda porque, embora estejam no mundo, não são do mundo. Esta pertença a Deus vive-se no mundo, com a Palavra da verdade que consagra os discípulos na verdade. Há um movimento de amor do Pai para o Filho e do Filho para os discípulos, assim como há um movimento na missão e na palavra que vem do Pai, passa pelo Filho e atinge os discípulos.
meditar a palavra
“Não peço que os tires do mundo”. Tudo seria bem mais fácil se os discípulos de Jesus perdessem a sua condição humana e adquirissem características distintas, que os retirassem do mundo. Jesus não quer que eu saia do mundo, mas que esteja no mundo consagrado na verdade que me é dada na Palavra. Jesus quer que eu viva a minha condição de pertença ao Pai e a sua consequente missão, aqui, nas circunstâncias limitadas do mundo que não aceita o testemunho cristão.
rezar a palavra
Consagra-me na verdade. Consagra-me na tua palavra da verdade para que viva em plenitude a minha condição de discípulo no meio do mundo, mesmo contra a vontade do mundo. Consagra-me e guarda-me no teu nome, Senhor.
compromisso
Vou encontrar em mim aqueles sinais que me identificam com o mundo e me impedem de pertencer totalmente ao Pai.