São João Bosco, presbítero
Memória
João Bosco nasceu em 1815, perto de Castelnuovo, na diocese de Turim. Sofreu muitas privações na sua infância. Ordenado presbítero, consagrou todas as suas energias à educação da juventude, usando o método da persuasão, da religiosidade autêntica, do amor que procura prevenir, em vez de reprimir. Fundou várias obras, sobretudo a Sociedade Salesiana de são Francisco de Sales e, com o auxílio de santa Maria Domingas Mazzarello, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, para a formação da juventude no trabalho e na vida cristã. Morreu neste dia, em 1888, em Turim na Itália.

Leitura I    2Sm 24, 2.8b-17

Naqueles dias, David ordenou a Joab e aos chefes do seu exército: «Ide por todas as tribos de Israel, desde Dan até Bersabé, e fazei o recenseamento da população, para que eu saiba qual é o seu número». Nove meses e vinte dias depois, Joab apresentou ao rei o resultado do recenseamento: Israel contava oitocentos mil homens capazes de combater e Judá contava quinhentos mil. Feito o recenseamento do povo, David sentiu remorsos e disse ao Senhor: «Pequei gravemente ao proceder deste modo. Mas agora, Senhor, dignai-Vos perdoar a falta do vosso servo, pois cometi uma grave loucura». Na manhã seguinte, quando o rei se levantava, o Senhor dirigiu a palavra ao profeta Gad, vidente de David: «Vai dizer a David: Assim fala o Senhor: Proponho-te três castigos. Escolhe aquele que preferes e Eu o executarei». Gad foi ter com David e referiu-lhe esta mensagem: «Preferes três anos de fome no teu país, três anos de derrotas ante o inimigo que te perseguirá, ou três dias de peste no teu reino? Agora reflecte e vê o que devo responder Àquele que me enviou». David respondeu a Gad: «Sinto-me em grande ansiedade. Antes cair nas mãos do Senhor, porque é grande a sua misericórdia, do que cair nas mãos dos homens». Então o Senhor enviou a peste a Israel, desde aquela manhã até ao dia fixado. Morreram setenta mil homens do povo, desde Dan até Bersabé. O Anjo estendeu também a mão sobre Jerusalém para a destruir, mas o Senhor compadeceu-se de tanta desgraça e disse ao Anjo que exterminava o povo: «Basta! Agora retira a tua mão!». O Anjo do Senhor estava junto à eira de Araúna, o jebuseu. Ao ver como o Anjo exterminava o povo, David disse ao Senhor: «Fui eu que pequei, sou eu o culpado. Mas estes, que são o rebanho, que mal fizeram? A vossa mão caia sobre mim e a minha família». 

compreender a palavra
Levado pelo orgulho David manda fazer um recenseamento para saber o número dos filhos de Israel que habitam as terras de Dan a Bersabé. Ao saber o resultado, David, fica orgulhoso porque exerce o seu reinado sobre um grande número de homens capazes para a guerra. É forte o seu braço e poderosa a sua mão. Mas, num momento de lucidez, David reconhece que a sua atitude não agrada ao Senhor, pois o braço forte e a mão poderosa que liberta Israel dos seus inimigos pertencem ao Senhor. Então David pede perdão. O Senhor, porém, dá-lhe a escolher o castigo pela falta cometida. David prefere ser castigado pela mão do Senhor porque apesar de poderoso é grande a sua misericórdia. Ao ver o sofrimento do seu povo, David clama ao Senhor, porque quem pecou foi ele e não o povo.

meditar a palavra
Apesar de orgulhoso, David tem um coração bom. Ele reconhece sempre as suas faltas e não teme apresentar-se na presença do Senhor. Aceita o castigo que lhe é imposto para se corrigir e implora pelo povo que sofre por causa dos pecados do rei. Esta é, para nós, a grande lição. Assumir as nossas faltas, reconhecer os nossos pecados, sem envolver os outros nem atirar para cima deles as culpas que nos pertencem. Somos muito fáceis a confessar os nossos pecados no plural. Pecámos…, Roubámos…, Mentimos…, mas o pecado é pessoal, pequei, roubei, menti…; Os outros fazem o mesmo…! Sim, mas este pecado é meu e não dos outros mesmo quando somos todos a fazer. E abusamos das desculpas para não receber castigo nem assumir que o merecemos. Todos fizeram…! Os outros também fazem…! Não fui só eu…! Assumir a própria culpa e libertar os outros das culpas que nos pertencem é a atitude vertical de quem atingiu a maturidade e vive consciente da responsabilidade perante os seus atos.

rezar a palavra
É difícil, Senhor, estar só diante do juízo que me acusa das nossas faltas de amor. Ver-me ao espelho, olhar-me nos olhos, encontrar-me com juízo da própria consciência que me acusa. Só diante da tua misericórdia me é possível enfrentar a verdade que está dentro de mim, no íntimo do coração, no fundo do ser. Só tu, com a tua misericórdia consegues arrancar dos meus lábios a palavra que confessa o pecado, que revela o erro e assume a responsabilidade diante de mim, dos irmãos e diante de ti que és pai e Senhor. Faz-me compreender a grandeza da tua misericórdia para desejarmos a purificação das nossas culpas.

compromisso
Pedir perdão é experimentar a força da misericórdia de Deus.


Evangelho     Mc 6, 1-6

Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou o Sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes estavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, Filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?». E ficavam perplexos a seu respeito. Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. Estava admirado com a falta de fé daquela gente. E percorria as aldeias dos arredores, ensinando.

compreender a palavra
Jesus vai à sinagoga da sua terra e começa a ensinar. Tudo parece estar a correr bem quando de repente começam a questionar-se sobre as relações familiares de Jesus e sobre o poder que ele revela nos milagres que realiza e nas palavras que ensina. Jesus começa, então, a ser rejeitado como acontecera com os fariseus e com os gerasenos. O egoísmo, a inveja e as intrigas falam mais alto e Jesus não pode ali realizar qualquer milagre por causa da falta de fé. É interessante verificar que o início do texto parece querer dizer que as pessoas vão aceitar as suas palavras porque estavam admiradas com a sua sabedoria, mas preferem o caminho da pergunta que põe em causa o outro em vez de o escutar. Duvidam do seu ensino porque ele não estudou, duvidam da origem da sua sabedoria por causa da sua família e duvidam do seu poder de fazer milagres. Estabelecem-se, assim, dois grupos: Jesus e os discípulos de um lado acreditando que vale a pena anunciar ali o evangelho; os habitantes do lugar que não permitem que os ensine aquele de quem conhecem a origem e a família, do outro lado.

meditar a palavra
Esta passagem do evangelho mostra-me como é difícil falar de Deus dentro da minha família e junto daqueles que conheço bem. É mais fácil falar a desconhecidos porque não têm tantas reservas como os que me acompanham diariamente. Corro o risco de me calar e contribuir com o meu silêncio para que os mais próximos nunca cheguem a fazer uma experiência de fé. Por outro lado, também corro o risco de não aceitar a palavra de Jesus anunciada por aqueles que conheço e me estão próximos só porque a parte humana não me deixa ver Deus que fala através do meu irmão. Preciso vencer a parte humana para que Deus se revele na minha vida também através das pessoas da minha família e daqueles que me são próximos.

rezar a palavra
Não encontraste fé na tua terra, Jesus. É impressionante como todos se deixaram cegar pela aparência e puseram em causa a tua autoridade. Tenho receio, Senhor, de tomar atitude semelhante porque eu também sou a terra onde tu nasceste e cresceste. Vens a mim desde o meu batismo e nem sempre te sei acolher e escutar. Que o meu coração saiba acolher-te pela mesma razão que outros te rejeitam, por seres o Filho de Maria.

compromisso
Não vou deixar que ao meu lado haja homens meus irmãos e meus amigos que vivam sem Deus porque eu não sou capaz de lhes mostrar o caminho para Jesus.