São Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja

Memória 

Francisco de Sales nasceu na Saboia (França) no ano 1567. Ordenado presbítero, trabalhou muito pela restauração da fé católica na sua pátria. Eleito bispo de Genebra, mostrou-se verdadeiro pastor do clero e dos fiéis, instruindo-­os com os seus escritos e obras, onde propõe uma via de santidade, acessível a todas as condições sociais, fundada inteiramente no amor de Deus. Juntamente com Santa Joana de Chantal, fundou a Ordem da Visitação. Morreu em Lião, no dia 28 de dezembro de 1622, e foi sepultado neste dia do ano seguinte, em Annecy.

Leitura I    2Sm 7, 4-17

Naqueles dias, o Senhor falou a Natã, dizendo: «Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Pensas edificar um palácio para Eu habitar? Desde o dia em que tirei Israel do Egito até hoje, nunca habitei numa casa, mas andava de um lado para o outro numa tenda e num tabernáculo. Durante o tempo em que peregrinei com todos os filhos de Israel, perguntei porventura a alguns dos juízes de Israel, a quem estabeleci como pastores do meu povo: ‘Porque não Me construís uma casa de cedro?’ Eis o que dirás ao meu servo David: Assim fala o Senhor do Universo: Tirei-te das pastagens onde guardavas os rebanhos, para seres o chefe do meu povo de Israel. Estive contigo em toda a parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos os teus inimigos. Dar-te-ei um nome tão ilustre como o nome dos grandes da terra. Prepararei um lugar para o meu povo de Israel e nele o instalarei para que habite nesse lugar, sem que jamais tenha receio e sem que os maus tornem a oprimi-lo como outrora, quando Eu constituía juízes no meu povo de Israel. Farei que vivas seguro de todos os teus inimigos. E o Senhor anuncia que te vai fazer uma casa: Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com os teus pais, estabelecerei em teu lugar um descendente que há de nascer de ti e consolidarei a sua realeza. Ele construirá um palácio ao meu nome e Eu consolidarei para sempre o seu trono real. Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho. Se praticar o mal, corrigi-lo-ei com varas de homens, com castigo de homens. Mas não retirarei dele a minha misericórdia, como fiz a Saul que afastei da minha presença. A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de Mim. O teu trono será firme para sempre». Natã comunicou fielmente a David todas as palavras desta revelação. 

compreender a palavra
Natã é enviado a David porque este quer construir um templo para o Senhor. As palavras de Deus dirigidas ao rei mostram a grandeza do seu coração. Ele é um Deus que caminha “de um lado para o outro” sem se queixar, sem se lamentar nem reclamar nada para si. Caminha com o seu povo “peregrinei com todos os filhos de Israel”. O mesmo fez com o seu servo David a quem diz: “tirei-te das pastagens… estive contigo em toda a parte… exterminei os teus inimigos”. E tudo o que fez continuará a fazer e fará ainda mais “dar-te-ei um nome ilustre… prepararei um lugar para o meu povo… farei que vivas seguro…estabelecerei em teu lugar um descendente… consolidarei a sua realeza”. E conclui: “O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa”

meditar a palavra
Esta revelação, feita a David através do profeta Natã, fala aos meus ouvidos e ao meu coração mostrando-me o coração misericordioso de Deus. O Senhor caminha a meu lado, vive na mesma tenda que eu, na minha fragilidade, nos caminhos da minha vida, por entre conquistas e fracassos. Ele está comigo e retira-me de onde não é o meu lugar, do meio dos perigos, de entre os meus inimigos, para me sentar, vitorioso, num lugar seguro. Enquanto caminha a meu lado vigia porque “se o senhor não guardar a cidade em vão vigiam as sentinelas”, constrói a casa que é esta tenda sempre a desmoronar-se “porque se o Senhor não edifica a casa em vão trabalham os que a constroem” (Cf. Sl 127,1). E prepara-me uma outra casa, uma tenda que não se desfaz porque não é construída pelas mãos dos homens, mas por ele, uma habitação eterna no céu (Cf. 2 Cor 5,1).

rezar a palavra
Acompanha. Senhor, os meus passos mal andados, corrige-me como um pai a um filho, porque o sou. Consolida em mim a certeza da tua proteção e vigilância e edifica-me no teu amor eterno. Ergue-me de onde caí e salva-me do esconderijo onde mergulhei. Não permitas que passem os dias da minha vida sem o teu amor nem que o sol se ponha no ocaso da vida sem a certeza de poder habitar na tua casa para sempre.

compromisso
O Senhor edifica a minha casa e vigia sobre a minha vida, por isso, quero estar atento aos passos de Deus que passa à minha porta.


Evangelho     Mc 4, 1-20

Naquele tempo, Jesus começou a ensinar de novo à beira mar. Veio reunir-se junto d’Ele tão grande multidão que teve de subir para um barco e sentar-Se, enquanto a multidão ficava em terra, junto ao mar. Ensinou-lhes então muitas coisas em parábolas. E dizia-lhes no seu ensino: «Escutai: Saiu o semeador a semear. Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram as aves e comeram-na. Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; logo brotou, porque a terra não era funda. Mas, quando o sol nasceu, queimou-se e, como não tinha raiz, secou. Outra parte caiu entre espinhos; os espinhos cresceram e sufocaram-na e não deu fruto. Outras sementes caíram em boa terra e começaram a dar fruto, que vingou e cresceu, produzindo trinta, sessenta e cem por um». E Jesus acrescentava: Quem tem ouvidos para ouvir, oiça». Quando ficou só, os que O seguiam e os Doze começaram a interrogá-l’O acerca das parábolas. Jesus respondeu-lhes: «A vós foi dado a conhecer o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes propõe em parábolas, para que, ao olhar, olhem e não vejam, ao ouvir, oiçam e não compreendam; senão, convertiam-se e seriam perdoados». Disse-lhes ainda: «Se não compreendeis esta parábola, como haveis de compreender as outras parábolas? O semeador semeia a palavra. Os que estão à beira do caminho, onde a palavra foi semeada, são aqueles que a ouvem, mas logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles. Os que recebem a semente em terreno pedregoso são aqueles que, ao ouvirem a palavra, logo a recebem com alegria; mas não têm raiz em si próprios, são inconstantes, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbem imediatamente. Outros há que recebem a semente entre espinhos. Esses ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e todas as outras ambições entram neles e sufocam a palavra, que fica sem dar fruto. E os que receberam a palavra em boa terra são aqueles que ouvem a palavra, a aceitam e frutificam, dando trinta, sessenta ou cem por um».

compreender a palavra
Esta parábola faz parte de um conjunto de três, sendo esta a maior de todas e a única que apresenta uma explicação só para os discípulos. O semeador é Deus, a semente é a sua Palavra e o terreno é o coração de cada homem, o que se anuncia é a chegada do Reino. Aparentemente há um fracasso, porque apenas um grupo de ouvintes tem um coração onde a palavra germina e produz trinta, sessenta e cem por um. No entanto, ainda é tempo de preparar o terreno, acolher a semente e esperar confiado. O tempo decisivo ainda virá e aí se decide quem deu fruto e quem só deu espinhos.

meditar a palavra
A força da Palavra de Deus é evidente e põe a descoberto a atitude dos ouvintes. Deus, que dá à palavra o poder de gerar fruto naqueles que a escutam, nem por momentos, tem como intenção obrigar o homem a aceitar a verdade que lhe comunica. A liberdade de cada um gera situações diferentes criando quatro grupos distintos entre os ouvintes. Aquele que escuta corre sérios riscos de tomar a pior decisão. Duas conclusões podemos tirar: a primeira, a situação da Palavra na nossa vida exige um tempo de espera para que se vejam os frutos trazidos pela chegada do Reino até nós; a segunda, a importância da Palavra exige que me questione sobre a qualidade do terreno do meu coração. Como estou a preparar o coração para acolher a Palavra e o reino que nela me é anunciado?

rezar a palavra
Senhor, é evidente a força da tua Palavra. Dela surgiram todas as coisas e ao sopro da tua boca todas te obedecem. Quiseste criar-me à tua imagem e semelhança e deste-me a possibilidade de decidir, de acordo com a minha liberdade. No limite, esta liberdade, pode recusar-te e rejeitar a tua voz. Ao contrário de todas as criaturas, eu posso recusar ouvir a tua voz e rejeitar a tua palavra. É loucura, porque sem o teu sopro não posso viver. Sei que posso esquecer-me de ti, mas sei também que se te esquecesses de mim deixaria de existir. Peço-te que, na minha liberdade, seja capaz de compreender que, sem a tua voz, sem a tua Palavra, sem o sopro que sai da tua boca, não viverei.

compromisso
Quero prestar atenção ao modo como estou a acolher a Palavra de Deus na minha vida.