Celebramos à noite porque é precisamente na noite que melhor se observa a luz que brilha. Como diz o profeta Isaías, as trevas dão lugar à luz; as sombras da morte são vencidas pelo brilho da luz. Os momentos tristes são superados pela alegria de quem junta os frutos da colheita ou reparte os despojos da guerra; o jugo e o bastão do opressor são quebrados; todas as botas ruidosas da guerra e o sangue derramado nas batalhas são para queimar. E porquê? Como? Porque um menino nasceu para nós; um menino que é Deus forte e o príncipe da paz.
É grande a salvação que se manifesta para toda a humanidade (2ª leitura) e motivo de júbilo para todo o universo: “alegrem-se os céus, exulte a terra, o mar e tudo o que ele contém, os campos e tudo o que neles cresce, assim como as árvores da floresta” (Salmo). Cantamos a salvação universal porque o menino nascido numa manjedoira é o Salvador, o Messias e o Senhor.

  1. Os pobres compreendem os sinais

    – Cumpriram-se as promessas quando Deus entra na história humana partilhando a nossa condição, nascendo menino…
    – Os primeiros a reconhecerem a notícia do nascimento são os pobres, os pastores, porque Jesus nasce na pobreza e identifica-se com eles… Jesus é frágil, foi envolvido em panos e deitado numa manjedoira…
    – Os pobres, os que estão longe do ruído da cidade, aqueles que procuram construir as suas vidas com esforço e sacrifício, são os que acolhem a boa notícia proclamada pelos anjos: são os pastores que, no silêncio da noite, captaram a grande mensagem…
    – Tudo acontece de uma forma muito simples, muito humana… Com frequência nos deslumbramos com o milagroso e o espectacular mas, o relato do nascimento de Jesus narrado por S. Lucas é muito sóbrio… Localizado na história e na geografia tem, como intervenientes, apenas os personagens necessários: José e Maria, sua esposa… O lugar não parece apropriado; no entanto, os pobres e os simples sempre têm aptidões maiores para enfrentar as dificuldades…
  2. Nem sempre o que parece é

– A noite, com a qual os pastores sempre estiveram familiarizados, foi para eles a oportunidade de ouvir a voz do céu…, ouvem-se os anjos a cantar a alegre notícia que proclama o louvor de Deus e a paz entre os homens… É o que nós fazemos também nesta noite: louvamos a Deus, exultamos e acreditamos na paz…
– Estamos diante de sinais que nos colocam a questão das aparências e do ser: aquilo que parece nem sempre é. A noite, que é, por natureza, escuridão e trevas, converte-se em luz… O bebé recém-nascido parece frágil mas, é o Salvador, ilumina a noite; aquele que nasceu no escondimento de uma gruta é a luz que ilumina todas as noites, a alegria da humanidade…

  1. Há esperança de salvação

– O modo como Jesus nasceu converte-se em esperança para toda a humanidade, sobretudo em momentos como os que estamos a atravessar, em que sentimos a nossa fragilidade e vulnerabilidade… O menino é Deus… Na escuridão brilha a luz… Há salvação…