Epifania quer dizer manifestação. O tempo do Natal está enquadrado por três grandes manifestações: o Natal (manifestação aos pastores), a Epifania (manifestação aos magos) e o Baptismo do Senhor (manifestação a todo o povo). Se na noite de Natal foram os pastores que descobriram Jesus, hoje, são uns sábios pagãos que, vindo de longe, reconhecem a origem e o final da vida numa criança que veio ao mundo na periferia da história.

1. A luz

– A luz é o símbolo que domina a celebração deste dia (1ª leit): a manifestação de Jesus é luz que ilumina todos os homens e mulheres de todas as culturas e de todos os tempos (2ª leit).
– A universalidade é consequência desta manifestação a todos, sem qualquer distinção… As perguntas que se faziam no princípio da Igreja e às quais estes textos pretendem dar resposta, são idênticas às que se podem colocar hoje: é necessário ser judeu para ser cristão? É necessário ser ocidental para ser cristão? Ser de direita ou de esquerda? Saber latim e grego para celebrar a fé como cristãos?
– Jesus é luz para todos… Mesmo para aqueles que não preenchem os bancos desta igreja mas que podem abrir o seu coração a essa luz que Ele nos traz…

2. A estrela

– Todos nós, como os magos vindos do Oriente, temos uma estrela a seguir… E é bom que cada um se pergunte qual a estrela que tem seguido e qual quer seguir ao longo da vida?!… Como aconteceu com eles, também pode suceder connosco que a estrela, por vezes, se esconda… É nesses momentos que é preciso amadurecer e recuperar a esperança…
– Podemos perguntar: por onde é que Deus nos quer levar? Por onde é que Deus quer levar hoje a Igreja? Como aponta o Concílio Vaticano II, as estrelas de hoje não serão os chamados “sinais dos tempos”? Qual deve ser hoje o nosso olhar para a sociedade em que vivemos? Não chegará já de lamentações? Não estará Deus a falar com palavras de secularização e de crise?
– Parece que as estrelas, às vezes, também nos terão levado até Herodes!… É tempo, então, de reconhecer e aprender… De perceber que o caminho de Belém não é o caminho do poder, do prestígio eclesial, dos números, do dinheiro, da economia… Nem tudo é permitido, mesmo para ajudar os pobres…
– O que é exigido hoje é discernimento… Talvez o caminho por que nos conduz a estrela não seja aquele que mais nos agrada… Tanto Belém como Nazaré são caminhos de humildade e de pobreza, de anonimato, de pequenos gestos…
– Adorar um menino nascido num presépio é “virar o mundo de pernas para o ar”… E levar-lhe ouro (mostrando que é um rei), incenso (reconhecendo-o como Deus) e mirra (dizendo que é homem mortal) altera todos os esquemas e confunde os mais letrados…
– Que cada um, pessoalmente e em comunidade, saiba seguir sempre a estrela que leva aonde os magos chegaram: à profissão de fé num Deus feito homem, salvador universal…