NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO

No último Domingo do ano litúrgico celebra-se a solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo. Os Evangelhos apresentam-nos Jesus a confrontar-se com a realeza e a ter que reagir a determinadas concepções que O colocavam na sucessão do poder e do libertador politico e militar. A sua mensagem é o contrário de todo o tipo de propaganda que ambiciona o domínio e os melhores lugares para ficar à frente dos outros.
Mas, os que acreditam em Jesus e no seu poder salvador, desejam que Ele seja cada vez mais conhecido e a sua mensagem envolva toda a humanidade. De facto, Jesus Cristo não é só o Senhor da vida de cada um de nós, mas é também o Senhor da história. E é esta dimensão pessoal e comunitária que se combina no título “Cristo, Rei do Universo” que hoje celebramos.

  1. As reacções diante do crucificado

– Diante da cruz de Jesus desfilam diferentes tipos de pessoas representadas pelos chefes dos judeus, que zombam de Jesus porque não é capaz de se salvar e apenas pretendeu salvar os outros; pelos soldados romanos que fazem troça por o chamarem rei e ser incapaz de se salvar; por um dos malfeitores, crucificado com ele, que exige a salvação imediata da cruz; pelo outro crucificado que repreende o anterior e sugere reflexão sobre os motivos que os levaram à crucifixão…
– Junto à cruz, só o olhar do silêncio é que pode ajudar a perceber o significado do que se passou com Jesus… Aquele segundo crucificado com Jesus suplica-Lhe nestes termos: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com a tua realeza”… E a resposta de Jesus não se fez esperar: “Hoje estarás comigo no Paraíso”… A realeza de Jesus não se confina a este mundo…
– Só assim podemos ir descobrindo quem é esse Jesus da cruz, que quis estar connosco até às últimas consequências… O coro daquelas vozes que ridicularizam e fazem troça é o que se continua a ouvir quando a humanidade se confronta com as suas crises e as pessoas querem respostas imediatas, à sua medida; em vez das reclamações, é preciso fazer silêncio para descobrir o sentido da morte de Jesus na cruz, e de todas as outras cruzes da humanidade…

  1. O poder de Jesus

O texto da carta aos Colossenses resume assim o poder de Jesus crucificado:
– Ele libertou-nos das trevas e abriu-nos o caminho da liberdade…
– Perdoou os nossos pecados e fez-nos experimentar a misericórdia de Deus: fez-nos passar da morte à vida.
– Ele é a imagem de Deus invisível: na sua condição humana permitiu que nos aproximássemos da misericórdia do Pai e descobríssemos em cada homem a presença e a grandeza do mistério de Deus.
– Ele é o Cristo que já estava com Deus antes da criação do mundo: existindo antes da criação e da história, quis entrar na nossa história para mostrar o seu poder salvador junto dos homens e mulheres de todos os tempos.
– É a cabeça desta comunidade crente, que é o seu corpo, a Igreja que canta, contemplando o crucificado.
– Jesus é o que veio ao nosso encontro para reconciliar este mundo desorientado; Ele é a nossa paz.
– Ele voltou para o Pai e vive plenamente com Deus; e, neste retorno à casa do Pai, leva-nos com Ele porque ressuscitou, e todo o corpo, que é a Igreja, é chamado a ressuscitar com Ele.

  1. Jesus, rei e pastor misericordioso

– A leitura do segundo livro de Samuel (1ª leitura) apresenta-nos o rei David, ele próprio escolhido quando guardava os rebanhos para ser o rei de Israel, com as características de um pastor: “Tu apascentarás o meu povo de Israel…”
– Em Jesus vemos a concretização do rei-pastor levada até ao extremo: é na cruz que Ele é identificado como rei (sobre a cruz estava escrito JNRJ) e é diante do crucificado que se questiona a sua realeza: um rei que é misericordioso, que perdoa e conduz ao Paraíso.
– Nos momentos mais dramáticos Jesus oferece a sua misericórdia como pastor que leva a fontes tranquilas, a espaços de repouso, ao paraíso, ao Reino…
– Foi sempre assim a manifestação de Jesus: desde a gruta de Belém, passando pela vida em Nazaré, na sua actividade na Galileia, a caminho de Jerusalém até à cruz, foi insultado e acarinhado e, ofereceu sempre a salvação…
– O Reino de Jesus nunca foi, nem pode ser, um reino de poder e de domínio… É um reino de misericórdia, de serviço, de gratuidade, de acolhimento, de justiça e de paz…