Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo
Há muitos poderes neste mundo que parecem impor-se de tal maneira que ninguém os pode combater. Aqueles períodos da história do cristianismo em que os cristãos foram mais perseguidos e martirizados, logo a partir dos primeiros tempos, colocaram-nos perante uma série de interrogações que os levaram a descobrir, nos textos do Antigo Testamento, algumas respostas de fé para as situações difíceis que atravessavam. A figura do “filho do homem” do livro de Daniel (1ª leitura) pareceu-lhes que se referia a Cristo na sua dimensão de ser humano, com as suas fragilidades, sujeito à dor e à morte. Mas, a vitória sobre a morte na ressurreição deu-lhe um poder eterno, um poder que vence os poderes do mundo que Ele conheceu muito bem enquanto homem.
Dizer hoje que Jesus é Rei é acreditar na vida e no poder da ressurreição, compreender que os poderes deste mundo não têm a última palavra, que há razões para ter esperança porque a vinda de Jesus ao mundo dá testemunho da verdade, da alegria e da paz. A Ele pertence a glória e o poder pelos séculos dos séculos (2ª leitura), o seu poder é eterno, jamais passará; o seu reino não será destruído (1ª leitura).
- O Reino de Jesus
– Que reino é este onde Jesus é rei? Até certo ponto, tudo o que Jesus ensinou e fez é anti-rei e anti-realeza: o amor, a justiça, a compreensão, o perdão, a verdade, a paz, a igualdade entre todos… Nós não conhecemos nenhum rei nem nenhum reino onde estes valores se ponham em primeiro lugar, muito embora em Israel, durante o tempo da monarquia, o rei tivesse obrigação de defender os mais pobres e os débeis, os órfãos e as viúvas face às ameaças constantes dos ricos e dos poderosos. Ele deveria ser o garante da liberdade e da segurança mas, raramente cumpriu estes deveres e muitas vezes foi a causa da instabilidade e da opressão…
– Jesus come com os pecadores, está próximo dos pobres, é um itinerante que não tem onde reclinar a cabeça… Ama, gosta de conviver com as pessoas, acolhe os simples e humildes e anuncia que o Reino de Deus se manifesta desta maneira, que é assim que dá testemunho da Verdade e mostra Deus entre os homens…
– O reino de Jesus é um reino que tem que começar neste mundo mas que não é deste mundo, onde predominam as categorias da violência e do mercado…
– De facto, Deus apresenta-se do lado dos pequenos, dos débeis, dos oprimidos e explorados… “cada vez que fizestes isto a um destes pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25).
– O diálogo de Jesus com Pilatos deixa isto muito claro: Pilatos representa o império mais poderoso da terra; Jesus é um réu que está manietado e apresenta-se como testemunha da verdade… À pergunta tu és o rei dos judeus(?), Jesus responde: o meu reino não é deste mundo. Pilatos fica desconcertado porque Jesus não pertence a este sistema, não se apoia na força das armas, a sua realeza provém do amor de Deus pelo mundo…
– Jesus continua: “Sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade”. Jesus não vem propriamente governar mas, dar testemunho da verdade introduzindo o amor e a justiça na história da humanidade… Jesus torna-nos mais livres, mais humanos, mais integrados na nossa missão…
– Quando outros querem dominar o mundo recorrendo à violência e à mentira faz-nos bem recordar este projecto de Deus procurando viver como Jesus, que fala com autoridade mas sem autoritarismos, com sinceridade mas sem dogmatismos, que não impõe a verdade mas que também não tolera a mentira e a injustiça…
2. Como pertencer a este Reino?
– A primeira coisa que cada um de nós deve fazer é professar a fé neste Rei que o é porque ressuscitou e nos transmite a esperança de que todo o mundo é renovado por Ele. Reconhecendo-O naquilo que Ele disse e fez, neste jeito de amar a todos e não de outro qualquer… Ele não nos quer como súbditos mas como colaboradores fazendo como Ele fez, construindo um Reino que não é deste mundo…
– Depois, há que ser agradecido: a um rei assim, simples, humilde, amigo de todos, há que responder com amizade e reconhecimento…
– Outra resposta a dar é a da adoração. Parece que há gestos e atitudes que vão sendo abandonados no nosso modo de nos apresentarmos diante de Jesus: nos sacramentos, nos actos de piedade… Diante de um rei inclinamo-nos e, diante de Jesus, ajoelhamos, porque nos comprometemos a colaborar com os valores do seu reino… Adoramo-Lo, não com os sinais e o fausto das cortes deste mundo, mas com um coração disponível e agradecido pela obra que Jesus começou e que todos queremos continuar…
– Repetimos muitas vezes que O Reino não é deste mundo mas, foi para dar testemunho da verdade que Jesus veio ao mundo… Então, que fazemos nós da verdade, do amor, da justiça,… desta força de Deus que está presente… Quem somos nós, os cristãos, neste mundo?…