A festa do banquete é imagem da participação no Reino de Deus. Todos são convidados a participar na alegria do convívio proporcionada pela mesa posta, abundante, repleta de manjares deliciosos (Isaías). É uma mesa para todos, colocada à disposição da humanidade desde a criação do mundo e desde que cada um de nós começou a descobrir quem é Deus: é Ele que prepara o banquete, convida, e atribui a responsabilidade da participação.
Mas, a parábola contada por Jesus aos dirigentes religiosos da cidade de Jerusalém evoca também a aliança de Deus com o seu povo que, em tantos lugares é apresentada com a imagem de um banquete de núpcias, e que, ao longo dos séculos foi quebrada pela infidelidade dos que, tendo sido convidados a fazer parte do povo escolhido, ficam fora da festa pela sua infidelidade e falta de compromisso. E, porque os convidados não vieram participar na festa, são convidados todos os outros, de todas as posições sociais, de todas as proveniências… Na festa do Reino de Deus todos têm uma cadeira para se sentar e um prato para comer.

  1. A salvação é felicidade

– O banquete é uma imagem do Reino de Deus que Jesus pregou e mostrou já presente no meio dos homens. O Reino é uma realidade complexa e difícil de definir… Mas é, sobretudo, sinónimo de felicidade.
– A comparação do banquete das bodas ilustra ainda outro aspecto importante do reino: cada um é convidado gratuitamente para partilhar a amizade, a alegria e a comida… Tudo é servido em abundância e totalmente gratuito…
– O nosso Deus preocupa-se com todos… “Guia-nos por sendas direitas… prepara a mesa mesmo diante de quem não gosta de nós… O cálice transborda… A bondade e a graça acompanham-nos sempre” (Salmo).
– A única condição para se sentar à mesa e comer do que é servido é ter um coração puro nas relações com Deus… É isto que significa o traje nupcial… Nesta festa não se está por obrigação mas com disposição de partilhar a amizade e a alegria…
– A salvação é felicidade: Deus prepara-nos um banquete, uma festa; limpa a vergonha, destrói a morte para sempre e enxugará as lágrimas de todas as faces, como diz Isaías… – Será que nós, os cristãos, estamos a ser capazes de mostrar ao mundo que o Evangelho é “um banquete apetecível”, “uma festa para todos”? Muitos cristãos parecem afirmar a sua fé como uma carga que se deve suportar com dignidade, uma vida cheia de limitações que devem aceitar-se com resignação… E às vezes parece até que, para ser felizes enquanto cristãos, teríamos que esquecer, de vez em quando, algumas componentes da nossa vida cristã…

  1. O cristianismo é alegria

– Ora, o cristianismo é uma experiência que deve ser desfrutada: Jesus faz-nos uma proposta de festa e de alegria; convida-nos para um banquete de bodas, aberto a todos os homens, convite que deve ser acolhido e celebrado…
– Importante é estar atento e preparado para dar a resposta em qualquer momento porque as coisas já estão todas preparadas e não podem ser adiadas pelas nossas ocupações (as propriedades, o comércio e os negócios…). Os que estão instalados nessas coisas são os que recusam o convite para participar num banquete onde a vida e os bens são partilhados… Os que vivem nas “periferias” (para utilizar a expressão já consagrada do Papa Francisco) são os que respondem mais facilmente ao convite porque estão menos instalados…
– Além disso, é preciso saber participar na festa de uma forma digna e conveniente: são todos chamados mas, a resposta tem de ser adequada… A salvação não reside só no facto de ser chamado… O chamamento é gratuito mas, não é “um cheque em branco”: é preciso “vestir o traje de gala”, dispor-se a praticar as boas obras do amor e da justiça, saber estar com os outros, reconhecer-se igual a eles e partilhar com eles a vida…
– Antes da comunhão haveremos de ouvir: “Felizes os convidados para a ceia do Senhor”… Saibamos responder a este convite que o Senhor sempre nos dirige…