Qual o lugar para onde os enviados se devem dirigir? Haverá espaços que podem frequentar e outros que lhe são vedados? Quem tem poder para impedir o acesso a determinados locais e como é que os profetas e os apóstolos devem reagir? Amós, o profeta, é repreendido pelo sacerdote Amazias por estar a profetizar no santuário real de Betel e dizer coisas que desagradavam ao rei e aos que estavam ao serviço do templo. O profeta responde que quem o mandou foi o Senhor e não deixará de dirigir a palavra ao povo de Israel quer as autoridades queiram quer não. Aos doze, que Jesus envia em missão, são dadas instruções para poderem caminhar e responder quer sejam acolhidos quer sejam rejeitados. Os enviados têm que estar sempre preparados para tudo.
1. Os enviados de Jesus
– Jesus torna os doze participantes da sua missão ao mesmo tempo que Ele percorria as aldeias a ensinar depois de ter sido rejeitado na sua terra (Mc 6,1-6: Evangelho do Domingo passado)… O envio dos discípulos, dois a dois, em comunidade, reveste as mesmas características da missão de Jesus: expulsar os espíritos impuros, ungir os doentes e curá-los, convidando ao arrependimento e mostrando que o Reino de Deus estava a chegar…
– Jesus não define propriamente os lugares… Dá apenas orientações para o caminho: um cajado e calçados com sandálias… Poderá haver casas que os acolhem e onde poderão ficar e outros lugares onde não serão escutados nem recebidos… Mas nunca devem perder a noção de que são missionários…
2. Evangelização: palavra e testemunho
Nestes tempos, em que tanto se fala de Evangelização e de “Nova Evangelização”, vem a propósito recordar o que diz o Papa Paulo VI na EN, nº 41: “O homem contemporâneo escuta mais os testemunhos do que os mestres, e, se escuta os mestres, é porque dão testemunho”. Será a vida e o testemunho da Igreja e dos cristãos que evangelizará o mundo, pelo caminho da fidelidade a Jesus Cristo, na pobreza e no desapego dos bens materiais, na liberdade frente aos poderes do mundo, na humildade e coerência, pelo caminho da santidade.
– O anúncio do Reino foi a principal preocupação de Jesus e esta mesma missão foi confiada pelo próprio Jesus aos doze: erradicar o mal, evitar o pecado e os escândalos, assumir a radicalidade frente à superficialidade…
– É preciso ter em conta que, antes de serem enviados a pregar, os doze foram chamados, escolhidos, e fizeram a experiência de estar junto de Jesus e aprenderam com Ele: ninguém pode ir para o terreno da missão sem antes fazer a experiência da escuta de Jesus e de estar com Ele…
– Primeiro estão todos com Jesus, em comunidade, e depois são enviados dois a dois… Tudo se passa em conjunto e em grupo…
– A única coisa que os enviados levam para se apoiar é o que é necessário para caminhar: para quem descobriu o essencial, tudo o resto é acessório… O exemplo já vem de Amós, que se distingue de outros profetas por não ser funcionário e viver à custa do rei, mas por se apoiar apenas na palavra que lhe foi confiada e n’Aquele que o enviou…
3. A tarefa primordial da Igreja
– A Igreja existe para evangelizar… Se não anunciar o Evangelho, deixa de ser Igreja (EN)…
– Viver o Evangelho é necessário em todos os tempos e lugares… A Boa Nova de Cristo humaniza e contribui para um desenvolvimento integral da humanidade… Jesus deu-lhes poder sobre os espíritos impuros… Hoje continuam a existir demónios, poderes que é preciso exorcizar: a injustiça, a mentira, a corrupção, as desigualdades, o domínio do económico, de novas ideologias…
– Falar de “Nova Evangelização” significa recuperar o impulso das origens, impregnar a nossa cultura de um novo estilo, mais humano, comunidades mais comprometidas com Cristo e o seu projecto do Reino… Gastamos tanto tempo e energias em coisas ritualistas e superficiais!…
– Por isso, a pergunta continua sempre a desafiar-nos: onde estão os anunciadores e as testemunhas? Haverá acolhimento ou rejeição? Os enviados têm que contar com tudo… E o que é que nós queremos? Só o protagonismo e os aplausos? O que é que Jesus e a Igreja nos pedem nos dias de hoje? Onde estão os enviados?