Ao dizer “Eu sou o pão da vida”, Jesus identifica-se com o pão que alimenta e sacia todos os que se aproximam d´Ele e querem estar com Ele, porque a missão que recebeu do Pai foi a de não perder nenhum daqueles que o Pai lhe confiou e de lhe dar a vida eterna. Jesus dá a vida plena porque “desceu do Céu” e o pão descido do céu dá sentido à fé, sustenta a esperança e fortalece a caridade. Quem se alimenta deste pão ama a vida em todas as suas fases, desde antes de nascer até às portas da morte, no vigor da juventude e no leito do sofrimento. Em todas as circunstâncias repete com o salmista: “Saboreai e vede como o Senhor é bom, é feliz o que n´Ele se refugia”.

  1. Deus dá o que precisamos para viver

– Um dos elementos mais importantes da vida cristã é a experiência do amor e da misericórdia de Deus… Quando menos imaginamos, Deus está presente e dá-nos o necessário para caminhar…
– O que se passou com o profeta Elias (1ª leitura) mostra como Deus quer a vida e dá os meios para enfrentar as dificuldades: Elias era um defensor enérgico da fé no Senhor, Deus de Israel, e lutou contra todos os que, com o patrocínio do rei Acab e da sua mulher, Jesabel, quiseram introduzir outros cultos na terra de Israel…
– O seu zelo pelo Senhor fez com que a rainha o perseguisse e ele teve de fugir para o deserto em direcção ao monte da manifestação de Deus, o Horeb… Pelo caminho, desejou a morte… Aquela força que o levou a combater o culto às divindades estrangeiras estava a perder-se e ele sentia que não era capaz de continuar…
– Mas foi o Senhor que lhe deu o alimento e a bebida no deserto para o fortalecer e continuar a caminhada até às origens, para ganhar novo alento e retomar a sua actividade profética…
– O profeta pensava que já não havia nada a fazer, que não valia a pena continuar a lutar porque os poderes do rei eram superiores, mas descobriu que a obra não era exclusivamente dele, que não estava sozinho… Reconheceu que era de Deus e que podia contar com Ele…

2. A Eucaristia: Pão para a vida do mundo

– As pessoas que ouviram Jesus dizer “Eu sou o pão que desceu do Céu” também raciocinaram logo a partir dos seus próprios conhecimentos e das suas capacidades pessoais… É por isso que questionam as palavras de Jesus dizendo que Ele era o filho de José e que todos conheciam a sua família, que não podia, portanto, realizar qualquer obra extraordinária… Há aqui um conflito típico de quem pretende explicar tudo com os seus próprios argumentos, porque pensa saber tudo, e conduzir a sua vida à margem de Deus…
– Como Elias deu espaço a Deus para que Ele se manifestasse, também os ouvintes de Jesus, os do seu tempo histórico e os de hoje, são convidados a abrir a mente e o coração para que Deus diga e faça o que Lhe aprouver…
– É assim que chegamos ao pão da Eucaristia: há pão e vinho que é alimento e bebida, mas não é um pão e um vinho qualquer… “O pão que Eu hei-de dar é a minha carne para a vida do mundo”… Trata-se da entrega total da pessoa de Jesus, de continuar a encarnação do Filho de Deus na história dos homens que percorrem os caminhos desta vida…
– As nossas celebrações, por vezes, podem ser simples e humildes mas, cada vez que celebramos estamos a tornar presente a salvação de Cristo que é a vida do mundo… Partilhamos com toda a humanidade as suas alegrias e as suas esperanças e fazemos a experiência de receber, em cada Domingo, o pão da vida eterna…