Mistagogia da Palavra

Da passagem de um estado de violência à não violência nasce a paz, que é o triunfo do amor sobre o ódio. Afirmação da supremacia deste amor é, de si, o Evangelho. Muitos são, todavia, os obstáculos que se erguem, opondo-se tenazmente à expansão da Mensagem Evangélica. Por um lado, o comodismo do homem. Por outro, a divulgação, cada vez mais generalizada, de correntes ideológicas-filosóficas de tendência materialista. Deixar cair os braços não é digno do cristão.
A 1ª leitura é do Livro do Profeta Isaías. A Bíblia, para nos dar uma ideia do amor que Deus tem pelo seu povo, utiliza as mais diferentes imagens: amor da mãe pelo filho; do marido pela mulher; do noivo pela noiva. Como resposta a esta amor, o homem deverá depor nas mãos de Deus as suas inquietações e angústias perante o futuro, já que o anúncio duma presença salvadora se faz ouvir.
Na 2ª leitura, aos Gálatas, S. Paulo afirma que a salvação não está na circuncisão ou na incircuncisão, mas na Cruz de Cristo. O homem de hoje, se não estiver suficientemente atento, incorre na tentação de sacrificar a verdade do Evangelho aos valores materiais do mundo.
O Evangelho é segundo S. Lucas. Jesus envia os discípulos a pregar o Evangelho. A Igreja outra finalidade não tem senão realizar no mundo a proclamação da Boa Nova e a santificação dos homens. Todo o cristão – membro da Igreja – é enviado como testemunha do Evangelho no seu meio profissional, familiar e social. Nunca deve esquecer, porém, a acção do Espírito Santo.

A Palavra do Evangelho

Diante da Palavra
Vem, Espírito Santo, toca o nosso coração e abre os nossos ouvidos para escutarmos a Tua voz que nos impele para a missão.

Evangelho    Lc 10, 1-12
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’.


Prezados irmãos e irmãs em Cristo, o Evangelho proposto para o XIV domingo situa-nos no âmbito missionário, recordando-nos, de certo modo, o convite feito pela Conferência Episcopal Portuguesa, a todos os católicos em Portugal a viverem um Ano Missionário!

Interpelações da Palavra

«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara … 
A metáfora da seara é uma alusão à Igreja. “A seara é grande”… Jesus realça o grande número do povo de Deus que tem necessidade de ser evangelizado; “mas os trabalhadores são poucos”, ao mesmo tempo. Ele reconhece que são poucos os que estão dispostos a arriscar e abraçar esta missão de levar a Boa Nova aos confins do mundo. Portanto, exorta à oração. A exortação de Jesus é um convite a rezar pela evangelização e pelos evangelizadores. Estando no Ano Missionário somos ainda desafiados a redobrar a nossa oração pela missão da Igreja e particularmente por aqueles que entregam a sua vida gratuitamente ao serviço dos outros. Qual é a minha proposta para viver efusivamente este Ano missionário?

“Eu vos envio como cordeiros para o meio dos lobos”. 
Jesus leva os seus discípulos a anteverem as exigências da sua missão. Como destinatários deste Evangelho, Jesus adverte-nos dos perigos da sociedade hodierna e, por isso, é preciso estarmos vigilantes. Um dia Jesus dirigindo-se aos seus discípulos disse-lhes: “Não sois do mundo mas estais no mundo” (cf. Jo 15,19). De facto, é neste mundo, repleto “de lobos” ferozes, tais como: injustiças sociais, egocentrismo, guerras fratricidas, indiferença alheia, despotismo político, etc., que somos chamados a levar a cabo a missão que o Senhor coloca nas nossas mãos. Ora, a concretização da nossa missão requer que sejamos prudentes como as serpentes para sabermos decidir perspicazmente a atitude correta a tomar em cada situação concreta. Não deixemos os cuidados do mundo nos roubem a nossa ousadia pela evangelização!

“Alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos nos Céus”.
O uso da conjunção “Contudo” leva-nos a entender que Jesus reconhece e valoriza a alegria dos discípulos mas não quer que eles fiquem agarrados às estruturas humanas de ver e compreender a realidade. Nós, como discípulos de Jesus, reconhecemos que Ele nos aponta quais devem ser os motivos mais profundos da nossa alegria missionária, ou seja, ainda que possamos alegrar-nos por aquilo que realizamos, esse não deve ser o maior motivo da nossa felicidade. Por isso, Ele convida-nos a ultrapassar a lógica humana e ter uma visão escatológica da nossa missão. Ensina-nos que a vida eterna é a plenitude daquilo que somos e realizamos!

Rezar a Palavra
Senhor, fonte da vida e da vocação, nós Te damos graças por aqueles que do meio do seu povo escolheste e consagraste de um modo radical, para que se dedicassem inteiramente ao anúncio da Tua Palavra. Te pedimos para que continue a abençoar a Tua Igreja com muitas e santas vocações. Toca o coração de cada cristão e mostra a cada um a missão que lhe confia a se desempenhar na Tua Seara para que o Teu nome seja anunciado a todo o povo!
  
Viver a Palavra

Durante esta semana, vou procurar realizar, cada dia, uma ação concreta como uma forma de assinalar o Ano Missionário proposto pela CEP.