Jesus convida-nos a ser sal e luz do mundo à medida da nossa dimensão pessoal, como contributo para a instauração do Reino de Deus no mundo. Podemos ser apenas um grão de areia mas, esta nossa participação é imprescindível para que, junta com a acção dos outros, a justiça e a paz de Deus se tornem possíveis.

1.      A importância do testemunho 

– Na chamada sociedade da comunicação, que dispõe de inúmeros recursos para transmitir as mensagens, nenhum deles ainda foi capaz de superar o testemunho quotidiano, as obras concretas e as experiências de vida… Não há discurso mais eficaz e eloquente, nada mais fundamentado e credível do que o testemunho das pessoas e das comunidades…

– Não é preciso a Igreja ganhar visibilidade e estar presente da mesma maneira em todos os sectores da vida social e politica… É preciso é um testemunho comprometido dos cristãos nas causas da justiça (1ª leit) com a linguagem de Cristo crucificado (2ª leit)…

2.      A causa da Justiça

– O mundo em que vivemos dá-nos conta da injustiça que mantém reféns muitas pessoas e as paralisa na sua acção… Há muitos excluídos dos direitos mais elementares, muitos fragilizados pelos poderes dominantes…

– O pior de tudo parece ser a indiferença, que se apodera de um cada vez maior número de pessoas (Papa Francisco) e que é consequência de um certo sentimento de impotência: “que posso eu fazer no meio disto tudo?” “Quem manda é que tem de dar a volta à situação!…”

– O problema não está só nos poderosos: nos políticos, nos intelectuais, nos empresários… Deus chama a cada um, na sua grandeza e na sua debilidade: “se tirares do meio de ti a opressão, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará…” (1ª leit).

– Os pequenos gestos são tão necessários como os grandes feitos, as opções familiares tão importantes como as grandes mobilizações de massas…

3.      Ser sal e luz

– A nossa força e a nossa debilidade encontram a sua explicação na cruz de Cristo, como nos diz S. Paulo: a cruz leva-nos ao encontro dos excluídos e dos mais pobres deste mundo… Faz-nos sentir com eles a força libertadora do compromisso com o sofrimento pelo testemunho da caridade…

– Os cristãos não fazem concorrência a ninguém… O compromisso com a causa dos mais fragilizados não tem por objectivo fazer com que os outros olhem para nós e nos considerem importantes (às vezes há um discurso a favor da acção social da Igreja que não passa de uma certa manifestação de simpatia pelos favores que são feitos ao estado!)… Não é por isso que os cristãos se devem comprometer com a instauração da justiça e defender a causa dos mais desprotegidos… Aliás, por esta via, até podemos não ser a luz do mundo e o sal da terra que Jesus quer que sejamos (fazemos simplesmente o que nos mandam ou deixam fazer!…)

– Somos luz do mundo e sal da terra quando a nossa generosidade permanece para sempre (Salmo)…