Mistagogia da Palavra

Jesus Cristo é o único e perfeito Pastor. Conhece intimamente o Pai e transmite esse conhecimento aos seus. Conhece de perto a nossa condição humana e oferece a sua vida pela salvação de todos. Ele quis que o seu ministério pastoral fosse prolongado no tempo e no espaço. Assim, na pessoa de Pedro e dos outros Apóstolos, Jesus põe à frente da sua Igreja o Papa e os Bispos, a fim de que, estando ao serviço dos irmãos, possam conduzi-los para o redil de Cristo.
A 1ª leitura é do Livro dos Actos dos Apóstolos. S. Paulo, vendo na hostilidade dos Judeus uma indicação de Deus, volta-se definitivamente para os pagãos, no desejo de continuar a missão de Jesus, estabelecido por Deus luz das nações e Salvador de toda a terra. A Igreja tem de levar a todos os homens e a todos os povos sem distinção a salvação alcançada por Jesus.
A 2ª leitura é do Livro do Apocalipse. Unido pelo Baptismo a Cristo, Bom Pastor, o cristão participa já do triunfo do Ressuscitado. Contudo, o seu destino é mais glorioso, pois ultrapassa os horizontes do mundo, numa caminhada para o Céu, sob a direcção do Bom Pastor, onde gozará plenamente do triunfo definitivo de Cristo Ressuscitado.
A 3ª leitura é do Evangelho de S. João. Aquele que pela fé aceitou a palavra de Deus e aderiu à sua Pessoa fica intimamente unido a Ele. Jesus comunica-lhe a sua vida, a vida mesma de Deus, a vida que não morre. E, por isso, experimenta uma inabalável segurança, que tem o seu fundamento no próprio poder do Pai, de que Jesus participa, pois é um com Ele.

A Palavra do Evangelho

Diante da Palavra
Vem Espírito Santo, desperta o meu ouvido para escutar a voz de Cristo, o Bom Pastor.


Evangelho    Jo 10, 27-30
Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só».

Caros amigos e amigas, sentimo-nos seguros quando ouvimos a voz do Bom Pastor. Nada, nem ninguém, nos poderá arrebatar da Sua mão. Pertencer ao Seu rebanho é ter a certeza de que sempre estaremos sob o Seu olhar, de um olhar que não cria em nós desconforto, mas, pelo contrário, dá-nos alegria e segurança, pois é um olhar de amor.


Interpelações da Palavra

“As minhas ovelhas escutam a minha voz.”
Neste nosso tempo, como, aliás, em todos os tempos, há sempre muitas vozes que pretendem fazer-se ouvir. São muitos os canais de comunicação, tantas as interferências! São múltiplas as vozes que, nas encruzilhadas da nossa vida, pretendem sobressair! O Evangelho deste domingo do Bom Pastor direciona a nossa atenção, de modo especial, para um dos nossos sentidos – o da audição. Hoje, o Senhor convida-nos a escutar a Sua voz. Mas como sintonizar a voz do Bom Pastor? Sabemos que só seguiremos o Mestre, se ouvirmos a Sua voz. Em cada dia, o Senhor continua a dizer-nos: Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz Eu entrarei em sua casa e cearei com ele; Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática. Ele quer-nos em Sua casa, a escutar a Sua Palavra, no Seu redil, em Seu seguimento. Cada um de nós é para Ele um filho muito amado. Temos o nosso ouvido desperto? Reconhecemos a voz do Pai? Abramos-Lhe a porta do nosso coração! Afinemos sempre o nosso diapasão interior, pela nossa oração, e escutemos a voz suave do Senhor que ressoa no silêncio.

“Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.”
Nós gostamos de ser conhecidos e Cristo, o Bom Pastor, vem concretizar este desejo. Ele conhece-nos pelo nome, na profundidade do nosso ser. Como nos diz o salmista: Senhor, Tu examinaste-me e conheces-me, sabes quando me sento e quando me levanto, à distância conheces os meus pensamentos. Vês-me quando caminho e quando descanso; estás atento a todos os meus passos… Caminhemos, pois, em cada dia, atentos à presença do nosso Deus. A pouco e pouco, a nossa vida vai adquirindo um novo matiz, um sentido sempre renovado. A atenção aos outros redobra. O amor, que vamos pondo no cumprimento dos nossos deveres, intensifica-se. É claro que, por vezes, surgem sofrimentos. Mas o Senhor, depois de nos ter advertido para esses momentos, não nos deixa sem recompensa pelo nosso esforço. É Ele quem nos diz que, já nesta vida, receberemos o cêntuplo e no mundo futuro a vida eterna.

“Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer…”
O homem traz dentro de si esta ânsia de eternidade. Quão numerosas são as marcas deste desejo de perenidade! Basta lançar um breve olhar para a grande evolução no ramo da medicina. Quantas descobertas… quantos progressos neste sentido! Mas o homem continua insatisfeito. Anda à procura de uma vida perfeita, ilimitada; quer encontrar a resposta para o seu desejo de imortalidade. Onde encontrar este tesouro? Jesus diz-nos: Eu Sou o caminho … a Vida. O que vem a mim não morrerá, mas há de viver. Ele é o caminho para chegarmos à Vida que é Ele próprio. Ponhamo-nos, em cada dia, em seguimento de Cristo. Ele o Pastor; nós as suas ovelhas. Ovelhas, ora no redil, ora tresmalhadas, feridas; mais robustas ou enfraquecidas… Para Ele, somos sempre as suas ovelhas; de todas se ocupa, como sendo única. Por cada uma dá a vida. Como não se sentir seguro, confiante e agradecido por este amor que nos torna únicos no Seu coração!


Rezar a Palavra e contemplar o Mistério

Senhor, quero agradecer o Teu imenso amor.
Andas sempre à minha procura. Quero estar no teu rebanho e sempre me escapo. 
Deixas-me livre. Experimento a minha liberdade desordenada.
Mergulho no abismo da minha fragilidade. 
Mas o Teu olhar está sempre sobre mim e vais ao meu encontro e trazes-me aos ombros, 
nos teus braços… E fazes-me experimentar a alegria do regresso. 
Que bom, Senhor, sentir que dás a vida por mim, que és o meu Salvador. 
Obrigado pelo teu amor que é eterno. 

Viver a Palavra
Hoje, vou rezando: Senhor, eu creio na vida eterna, mas aumenta a minha fé!