Desde sempre, a nossa vida é marcada por diversos tipos de celebrações. Num contexto religioso, o ritmo da vida é marcado por celebrações religiosas. E, mesmo fora do âmbito religioso, nota-se que as pessoas têm necessidade de assinalar determinados tempos do seu crescimento e fases importantes da sua vida (vários exemplos…)
    Jesus nasceu e viveu num contexto religioso e é nesse ambiente que a sua família o procura integrar promovendo as celebrações que eram próprias daquele tempo e daquela cultura: uma dessas celebrações consistia em oferecer o menino primogénito ao Senhor (Jesus foi o primeiro e único filho de Maria) e, ao mesmo tempo, a mãe purificava-se porque, depois de ter dado à luz, que implica a libertação de sangue, precisava de se purificar e, este rito, como ouvimos no Evangelho, realizava-se no templo de Jerusalém, onde os sacerdotes presidiam ao culto…

1.    Mais do que tradição familiar   

– É verdade que a família de Jesus cumpre uma tradição… Também nós, na nossa vida, fazemos muitas coisas, consciente ou inconscientemente, por tradição… Mesmo quando reagimos a determinadas práticas, muitas vezes acabamos por aceitar outras até menos consistentes…
– A nossa fé também pode ter sido transmitida por reprodução familiar, associada a usos e costumes que nos afectam e aceitamos; outras vezes, queremos libertar-nos deles… Neste ponto, parece que interpretamos as coisas mais por questões de conveniência do que pela racionalidade…
– É importante a tradição, mas não é tudo… Com Jesus, assistimos sempre a uma certa continuidade e a uma ruptura… Já o profeta Malaquias apontava para esta ruptura quando dizia que era preciso purificar os filhos de Levi (aqueles que celebravam o culto no templo) para que as suas ofertas fossem agradáveis ao Senhor… E quando a família de Jesus entra no templo, em Jerusalém, os protagonistas principais não são os sacerdotes, mas dois anciãos, Simeão e Ana, que descobrem em Jesus algo de novo…

2.    Antigo e novo

– Simeão e Ana representam a longa espera de Israel pelo Salvador: ambos são de idade avançada, estão no templo mas o culto ali praticado não dá resposta às suas inquietações… Certamente que aquele lugar era importante, os actos de culto ali praticados ajudavam-nos a manter a esperança, mas eles ansiavam por qualquer coisa de novo…
– E o novo que eles descobriram foi um menino, luz para todas as nações e glória de Israel…
– Tudo isto se passa no templo para dizer que há um determinado tipo de culto, um conjunto de práticas que, tendo sido importantes, já não dão resposta às inquietações das pessoas… Há uma idade que passa e outra que surge… Ana tinha vivido casada 7 anos (um tempo cheio) e viúva até aos 84 (7×12: igualmente um tempo longo e abrangente)… Mas esse tempo passou e algo de novo começa com uma pessoa…
– Nós estamos também num tempo de mudança: há muitas coisas velhas que estão a passar e algo de novo que desponta… Podemos não saber o que é que está a surgir, mas podemos aguardar como estes dois anciãos que, no templo do Senhor, esperavam o cumprimento das promessas e a realização de coisas novas…