A palavra-chave que melhor traduz o sentido das leituras deste domingo é conversão: Jesus inicia o seu ministério a anunciar a conversão (Ev.), a transformação da vida, o começo de uma vida nova, a alteração dos comportamentos para dar um novo rumo à vida, na linha do que antes Jonas já tinha comunicado aos habitantes da cidade de Nínive (1ª leit.). A conversão consiste em abandonar as obras do pecado e desprender-se daquilo a que estamos apegados neste mundo (2ª leit.). Um exemplo de conversão são os primeiros colaboradores de Jesus que respondem ao chamamento deixando tudo para trás e mudando de vida.
- Depois de João ter sido preso
– Com alguma frequência, os acontecimentos dolorosos e imprevistos provocam uma viragem na vida das pessoas, que as leva a encarar a vida de outra maneira… No contexto de pandemia, de uma forma mais ou menos consciente e livre, sentimos estes efeitos e a necessidade de mudanças…
– Com o início da missão de Jesus também se dão transformações: João Baptista é preso e Jesus dirige-se para a Galileia para começar a proclamação da Boa Nova de Deus…
– São os momentos de ruptura que trazem algo de novo: acabou o ciclo de João para se iniciar o ciclo de Jesus; o lugar de actividade deixa de ser as margens do Jordão ou a cidade de Jerusalém para ser a Galileia dos gentios… O conteúdo da mensagem é jubiloso porque se diz que é uma Boa Nova; e as circunstâncias deste anúncio são as de um tempo que se completou e de outro tempo que está a começar, o tempo novo que Deus escolheu para se manifestar na terra… - Conversão
– A conversão implica uma urgência, um tempo bem definido: “Dentro de quarenta dias…” (Jonas); “o tempo é breve…” (Paulo); “Completou-se o tempo…” (Jesus)
– Conversão significa compromisso com a mudança e reorientação de vida considerando o Reino como a única realidade urgente… Muitos nos dizem agora que, depois desta pandemia, nada será como dantes porque as mudanças hão-de operar-se, quer queiramos quer não… Talvez haja algum exagero nestas palavras mas aceitam-se como proposta de renovação necessária…
– A conversão também implica universalidade: Nínive era outro povo; pela sua importância, quase representava o mundo… A Galileia era outra gente, conotada com alguns aspectos pouco religiosos… O convite é dirigido a todos, sem exclusivismos…
– A conversão e o Reino exigem que se olhe para o futuro… Que se acredite na Boa Notícia… Já agora, mesmo em tempos de pandemia, acreditamos que outro mundo é possível… - Reino
– O Reino é o assunto principal da pregação de Jesus e que O ocupa em todas as actividades: parábolas, perdão dos pecados e reabilitação das pessoas…
– O Reino é um novo modo de existência humana orientada pelos valores da verdade, da justiça, da liberdade, da igualdade, da vida, da santidade, da graça, da paz e do amor a todos…. E ouvimos hoje dizer que este Reino de Deus chegou…
- Estar com Jesus
– Já observámos isto no Domingo passado no Ev. de João: “foram ver e ficaram com Ele…”
– Hoje ouvimos o convite: “Vinde… E eles seguiram-no”: É Ele que chama, não são os apóstolos que escolhem: eles apenas deixaram as redes e seguiram-no… Começam uma nova vida porque é isso que a conversão exige… A resposta ao chamamento de Jesus abre um novo horizonte: quando os discípulos aceitam o desafio abrem-se à novidade, e isto é conversão…
– As rupturas são importantes e sem elas não se dão as mudanças: Que fazemos nós? Porque é que temos receio da mudança? O convite é dirigido a todos: “convertei-vos e acreditai no Evangelho, na Boa Nova…”
– Neste Domingo da Palavra somos convidados a redescobrir que a novidade está sempre na proposta que a Palavra de Deus constantemente nos faz… Na leitura e na escuta desta Palavra está um convite sempre renovado à conversão e à aceitação da Boa Notícia do Reino de Deus…