Quando a conversa entre as pessoas toca o tema da religião, no geral, todos são conhecedores de tudo: sabem, fazem, referem que os outros percebem muito menos que eles. Se alguém tem a coragem de inovar, de propor iniciativas, logo comentam que essas coisas novas são apenas ideias próprias, “como nós fazemos é que está bem” e o ideal até é recuperar os modelos antigos porque o grande mal foi tê-los abandonado…
Pois, é preciso deixar o que já é conhecido, o sabido de toda a gente, aquilo em que sempre se acreditou e que parece entendido por todos. É necessário, porventura, ir para outro lugar, para a periferia, a Galileia dos gentios, a terra à beira mar… De facto, Jesus não foi para a capital, para o lugar onde as pessoas já sabiam tudo… também não se rodeou dos sábios ou dos que, supostamente, seriam mais qualificados e competentes nas matérias da religião… Foi escolher gente, ainda com pouca fé, sem entender bem as coisas, que deixou tudo e o seguiu…

1.    Ainda há lugar para a esperança

– As perspectivas que nos são apresentadas, do ponto de vista cultural, económico e social são, no geral, sombrias, tanto a nível nacional como internacional… Crescem a incerteza, as dúvidas, o individualismo, os fundamentalismos, a instabilidade…
– Mas, também há gente que dá provas de grande generosidade e de entrega ao serviço dos outros trazendo a esta humanidade sinais de esperança… Onde há grandes ameaças também podem caber grandes esperanças (1ª leit)…
– Jesus chama e convida a segui-Lo em liberdade… Não força ninguém, não impõe, não faz um diagnóstico exaustivo da situação que se está a viver… Simplesmente propõe uma mudança.
– Jesus chama para fazer um caminho em conjunto… O contrário daquela comunidade de Corinto (2ª leit) onde cada um queria afirmar-se individualmente… 

2.    Significado dos pequenos gestos 

– Como cristãos, seguidores de Jesus, olhamos para as pessoas como Jesus olhou, e dispomo-nos a fazer caminhos de reconciliação e de paz (“é o amor de Cristo que nos impele”)
– Num mundo em que se acentuam diferenças e divisões, a fé no Reino de Deus deve possibilitar a harmonia, o diálogo, o entendimento…
– São pequenos gestos que, por vezes, têm grande significado, como os de Jesus… Gestos que mostrem o grande amor de Deus que nós encontramos em Jesus…
– Nós não sabemos quais terão sido os gestos de Jesus antes de chamar os primeiros discípulos… As coisas passaram-se tão depressa que não dá para perceber o que é que fascinou aqueles homens para, de um momento para o outro, deixarem tudo e seguirem Jesus…
– O que o Evangelho regista é que Jesus disse que “o Reino de Deus estava próximo e era preciso arrepender-se”… Certamente que as suas palavras foram “luz” para aquela gente a quem quase ninguém ligava em termos religiosos, considerando-se até habitantes de terras pagãs… 
– Muitas vezes pensamos que os espaços da evangelização, do anúncio da Boa Nova, são os daqueles que já fazem como nós fazemos, que se ajustam às nossas práticas… E não é assim… Temos todos de ter consciência que o Reino está sempre por construir e que é preciso abandonar essas seguranças que pensamos que são o essencial da vida… Se o Reino ainda está em crescimento, temos de admitir sempre que é preciso deixar as supostas seguranças…