O terceiro Domingo do Advento é chamado “o Domingo da alegria” atendendo ao apelo que S. Paulo faz na segunda leitura: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos!” E o motivo da alegria é que o Senhor está próximo. Também o profeta Sofonias se dirige a Jerusalém e a Israel convidando a “soltar brados de alegria” porque o Senhor, rei de Israel, está no meio do seu povo e vem salvar de todos os inimigos. Ele já está presente para libertar do medo e trazer uma vida nova. Mesmo que os tempos sejam difíceis, há razões para acreditar num futuro melhor e esperar por ele.
É com alegria que as pessoas se juntam à volta de João Baptista e perguntam o que devem fazer para que a mudança seja concreta e sejam capazes de discernir para orientar as suas vidas de maneira diferente. João não lhes diz para deixarem as suas ocupações, a sua casa, o seu trabalho e a sua família, para se juntarem a ele no deserto; mas dá-lhes indicações precisas para que continuem a realizar as suas actividades, não em benefício próprio ou fazendo com que sejam causa de conflitos, mas tenham sempre em conta as necessidades dos outros.
- Perspectiva comunitária
– O apelo à mudança de vida proclamado por João Baptista não se reduz a um contacto individual com este ou com aquele, mas procura alcançar a todos naquilo que fazem no quotidiano… São as multidões que perguntam: “que devemos fazer?”…
– Mesmo quando se trata de especificar a acção de grupos individuais a pergunta é sempre colectiva: “e nós, o que devemos fazer?”… A resposta de João é igualmente dirigida a todos… São todos, e não apenas alguns, os que estão implicados na mudança de comportamentos…
– Todas as respostas de João vão no sentido da relação com os outros: partilhar em vez de acumular; ser honrado em vez de aumentar a corrupção; promover a paz em lugar da violência…
– Em tempos de crise pode haver a tentação de pôr em marcha o ‘slogan’ individualista: “salve-se quem puder…” ou “os culpados são os outros, eles que paguem a crise…” A intervenção de João Baptista desmonta este esquema e exige a partilha, a honestidade e a defesa da verdade…
- Expectativa do Messias
– O povo estava à espera do Messias e, como diz o Evangelho, perguntava em seu coração se este não seria João Baptista… Havia um conhecimento da história passada, de muitos momentos de humilhação em que parecia que Deus os tinha abandonado e que já não estava com eles…
– Admitia-se que a culpa era do próprio povo, que tinha rejeitado o seu Deus e se tinha voltado para outras hipotéticas e sempre falíveis ajudas… Se o povo se desviava dos caminhos de Deus como é que depois poderia contar com o Seu auxílio?… Este drama acompanhou muitos séculos da história de Israel mas, nos momentos mais críticos lá estão as vozes dos profetas, como Sofonias, a convidar à alegria porque o Senhor, afinal, está no meio do seu povo…
– Para esclarecer as dúvidas João Baptista diz: “vai chegar quem é mais forte do que eu… Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo”, quer dizer: fará ainda muito mais do que aquilo que vedes ou podeis imaginar…
- O melhor está a caminho
– Há motivos para ter esperança… Confiar é sempre uma boa notícia… A alegria e a esperança que vêm de Deus são sempre sinais de salvação… Tudo se torna diferente quando nos deixamos habitar por esta esperança…
– Se acreditamos que Deus intervém na história, a nosso favor, que Ele está próximo, tudo para nós é diferente…
– E a história da Salvação está cheia destas intervenções de Deus… É uma história da passagem de Deus pela nossa terra… Esta terra, este mundo onde vivemos, também “é sagrado” porque é o espaço onde Deus actua com os homens…
– Vem alguém que é mais forte, “Ele baptizará no Espírito Santo e no fogo…”
– Se nos dispusermos a acolher o Senhor que vem, a nossa vida terá outro sabor… Recuperamos a vontade de viver e participamos na construção de outra Igreja e de outro mundo… Com a presença e Jesus, outro mundo é possível…