Pentecostes: dom do Espírito da luz e da libertação. O Espírito de Deus é o espírito que liberta os corações, que anima os crentes a abrir as suas comunidades, o espírito que toda a humanidade precisa. Deus oferece a luz que vem ao encontro do homem sedento de liberdade; permite que o homem tenha uma visão global, de todo o universo, levando-o a ultrapassar as fronteiras do seu pequeno mundo; Deus olha para o homem com amor enquanto cada um se vai admirando ao ver as estrelas do céu. Nesta história, Deus e o homem encontram-se neste dia de Pentecostes porque o Espírito Santo vem ao encontro das nossas aspirações mais profundas, actua em cada um, na Igreja e no mundo.

1.    O Espírito actua na comunidade

– Pode perguntar-se porque é que se celebra um dia de Pentecostes se nós recebemos o dom do Espírito Santo todos os dias e em tantas ocasiões…
– É verdade! Mas, precisamos de momentos em que esta experiência tem que ser vivida e experimentada na comunidade; precisamos de nos mobilizar todos para que cresça em nós a disposição para acolher o dom que é comum a todos embora seja experimentado por cada um, pessoalmente, todos os dias…
– Foi isso que aconteceu desde o princípio: o livro dos Actos dos Apóstolos diz-nos que os apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar e que uma espécie de línguas de fogo poisou sobre cada um deles… Também o Ev de João refere que os discípulos se encontravam todos na mesma casa quando Jesus se apresentou no meio deles… Hoje também voltamos todos a estar juntos na nossa casa, no mesmo lugar que nos acolhe em assembleia (como têm sido difíceis os dias de isolamento em que não pudemos juntar-nos…)
– Além disso, a experiência do Espírito Santo também acontece no primeiro dia da semana… Jesus entra, saúda os discípulos (“a paz esteja convosco”), dá-se a conhecer e dá-lhes o Espírito Santo para o perdão dos pecados…
 – Eles estavam fechados, com medo, fazendo aquela experiência que nós temos feito ao longo de quase três meses por causa da pandemia do Covid-19… Tem sido difícil suportar este confinamento ainda que se compreendam as razões… É verdade que as mãos e o lado de Jesus mostram os sinais das feridas, o sofrimento e a ansiedade continuam ainda presentes, mas o dom do Espírito dá-nos confiança…
– A ressurreição de Jesus e o dom do Seu Espírito não apagam as contradições e a dificuldade de assimilar o sentido de tantos acontecimentos da história, as manchas negras do nosso caminho… Porém, a palavra de Jesus é de paz, de abertura ao mundo que nos rodeia e esta palavra capacita-nos para enfrentar realidades que nos assustam… 

2.    Para o serviço de todos

– Paulo, no texto da carta aos Coríntios, acentua a acção do Espírito em cada um mas, para o bem de todos… Pode haver pessoas na comunidade que sejam possuidoras de carismas, de dons próprios para o exercício de determinadas funções, mas, é o mesmo Espírito que actua em todos e, se for através de alguém em particular, deve resultar sempre a favor de todos, da comunidade…
– Mais ainda: segundo os Actos dos Apóstolos, a acção do Espírito deve ter como efeito imediato, o anúncio das maravilhas de Deus a todos os povos… Se o Espírito actua na comunidade e em determinados lugares onde a comunidade se reúne, não é para que a sua acção só se faça sentir ali… É para sair para fora e comunicar com toda a gente…
– A festa do Pentecostes não é mera recordação do que aconteceu um dia em Jerusalém quando os discípulos “foram revestidos da força do alto”… Esta festa é a celebração, em cada comunidade e em união com toda a Igreja, dos dons do Espírito Santo que nos renovam para a missão da Igreja no séc. XXI…
– A chama do círio pascal e a água com que fomos renovados no Baptismo estimulam-nos a nascer de novo, com nova fé, nova esperança, novo amor e novo entusiasmo pelo Reino…