Embora haja algumas restrições para celebrar a grande festa, podemos centrar-nos no essencial que é a celebração da ressurreição do Senhor. Em anos anteriores podíamos juntar-nos em família e associar a esta celebração vários elementos das nossas tradições que muito gostaríamos de retomar. Mas, há limitações e, no ano passado, ainda foram maiores. Por esta razão, damos graças a Deus por podermos celebrar a Eucaristia em comunidade e festejar a vitória da vida sobre a morte.
A Quaresma também não foi bem igual a outras mas, ainda pudemos, no final, situar-nos no itinerário que sempre fazemos em direcção à Páscoa. Sentimos as nossas debilidades e partilhamos com todos os outros esta experiência de passagem da morte para a vida. O dia de Páscoa transporta-nos para a capacidade de ultrapassar obstáculos, para a tranquilidade e a alegria, para a experiência de Maria de Magdala, de Simão Pedro, do discípulo amado e de todos os outros que afirmam a sua fé e a sua esperança. A morte não teve a última palavra; não foi o fim; o amor levado até ao extremo, não morre; dele surge sempre uma vida nova.
1. O discurso de Pedro
– Segundo a leitura do livro dos Actos, Deus confirmou tudo o que Jesus disse e fez. Quem o afirma é Pedro, uma das testemunhas, juntamente com os outros discípulos. O discurso não é saudosista nem de lamento, procurando conquistar apoios para a causa… É uma Boa Nova que faz olhar para o futuro, para todos os tempos e lugares…
– Jesus realizou a sua obra; ficou completa. Agora, cabe à Igreja continuá-la através da missão que recebeu de Jesus
2. A transformação dos discípulos
– A ressurreição de Jesus foi o acontecimento que mudou a vida daqueles que tinham andado com Ele. O desfecho mais comum seria a desilusão e a dispersão dos discípulos… Quando vão ao sepulcro é apenas para verificar o lugar do morto… O medo tinha-se apoderado de todos, os seus rostos eram de tristeza e desencanto…
– Mas, Maria Madalena é a primeira pessoa que encontra, no primeiro dia da semana, o sepulcro vazio… Depois, João confirma e diz que “viu e acreditou” recordando-se do que diziam as Escrituras: “que Jesus devia ressuscitar dos mortos”…
– A ressurreição é um acontecimento que se dá dentro da história mas que não obedece à verificação com critérios da história porque a transcende… É um acontecimento de fé que se baseia no testemunho dos discípulos e que dá origem à Igreja configurando assim a história da humanidade…
– A primeira e única festa dos cristãos é a Páscoa… A morte e a ressurreição de Jesus é o núcleo da pregação apostólica… É por isso que toda a experiência cristã deve reflectir o que celebramos na Páscoa já que a Páscoa é tão antiga como a Igreja….
3. A celebração do acontecimento
– Ao celebrarmos a Eucaristia actualizamos a Páscoa de Cristo. Tornamos presente, hoje, a sua morte e a sua ressurreição implicando a vida de todas as pessoas, como sempre a Igreja fez ao longo dos séculos…
– A Páscoa não recorda só o sucesso de Cristo sobre a morte quando Ele ressuscitou naquela madrugada de Domingo, mas é participação de todo o Seu corpo, cabeça e membros, a Igreja, neste acontecimento de vida eterna… Celebramos a ressurreição porque acreditamos nela. Não celebramos porque tenhamos visto mas porque acreditamos nos testemunhos e reconhecemos, como eles, que Jesus está vivo…
– A Boa Notícia da ressurreição não é para ficar arquivada: é para ser comunicada a este mundo que está triste, desiludido, ansioso por melhores dias: “Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e alegremo-nos nele” (Salmo).