Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, na qual a Igreja, Mãe piedosa, depois da sua solicitude em celebrar com os devidos louvores todos os seus filhos que se alegram no céu, quer interceder diante de Deus pelas almas de todos os que nos precederam, marcados com o sinal da fé e que agora dormem na esperança da ressurreição, bem como por todos os defuntos, cuja fé só Deus conhece, a fim de que, purificados de toda a mancha do pecado, sejam associados aos cidadãos celestes, para poderem gozar da visão da felicidade eterna.

Primeira Missa

LEITURA I Jb 19, 1.23-27a

Job tomou a palavra e disse: «Quem dera que as minhas palavras fossem escritas num livro, ou gravadas em bronze com estilete de ferro, ou esculpidas em pedra para sempre! Eu sei que o meu Redentor está vivo e no último dia Se levantará sobre a terra. Revestido da minha pele, estarei de pé; na minha carne verei a Deus. Eu próprio O verei, meus olhos O hão de contemplar».

compreender a palavra

O livro de Job pertence à literatura poética do Antigo Testamento. Trata um assunto importante e muito sensível que é a pergunta pelo sentido da vida no meio do sofrimento e da difícil relação do homem com Deus por causa do sofrimento e da morte. O homem tem dificuldade a encontrar um sentido para o mal e percebe a realidade à luz da recompensa e do merecimento. O autor quer mostrar que Deus tem um olhar diferente sobre a realidade que não passa pela estreita medida da justiça humana. Job é o personagem do livro que, sendo fiel a Deus, se vê caído no sofrimento físico, moral e espiritual. Sente-se nada, mas não perde a esperança. Da sua boca saem as palavras que lemos neste texto, usado na liturgia dos fiéis defuntos. Estas palavras têm a força da fé e da esperança que proclamam aqueles que são fiéis como Job: “Eu sei que o meu Redentor está vivo… eu próprio o verei, meus olhos o hão de contemplar”.

meditar a palavra

Traduzir na nossa experiência as palavras que o autor do livro coloca na boca de Job, é a maior resposta de fé no poder de Deus sobre o sofrimento e a morte e a confiança de que Deus está presente para lá de todas as formas de entender o sofrimento, a dor e a morte. Deus está mais além do sem sentido da vida. Ele não se deixa perturbar pelas vozes que o negam, pelas dúvidas que o põem em causa, nem pelas exigências da nossa sensibilidade que quer ver, quer palpar tudo, para crer. Deus está presente no silêncio, mantém-se como a razão e o sentido da vida do homem e mostra-se como a resposta definitiva a todas as questões. Enquanto caminhamos nesta terra somos convidados a aprender e a tornar nossa a profissão de fé de Job: “Quem dera que as minhas palavras fossem escritas num livro, ou gravadas em bronze… Eu sei que o meu Redentor está vivo… Eu próprio O verei…”.

rezar a palavra

No meio das lágrimas de dias difíceis em que não encontro o sentido para a vida, mostra-me o teu rosto, faz-me ver-te para lá de todas as perguntas, para lá de todas as dúvidas, para ser capaz de dizer como Job “Revestido da minha pele, estarei de pé; na minha carne verei a Deus… meus olhos o hão de contemplar”.

compromisso

Os meus olhos não veem, mas o meu coração lança-se para lá dos dias e mostra-me o Senhor meu Redentor, por isso eu digo “Creio na ressurreição da carne e na vida do mundo que há de vir”.

LEITURA II 2Cor 4, 14 — 5, 1 

Como sabemos, irmãos, Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há de ressuscitar com Jesus e nos levará convosco para junto d’Ele. Tudo isto é por vossa causa, para que uma graça mais abundante multiplique as ações de graças de um maior número de cristãos para glória de Deus. Por isso, não desanimamos. Ainda que em nós o homem exterior se vá arruinando, o homem interior vai-se renovando de dia para dia. Porque a ligeira aflição dum momento prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória. Não olhamos para as coisas visíveis, olhamos para as invisíveis: as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas. Bem sabemos que, se esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens. 

compreender a palavra

Ninguém se salva a si mesmo, ninguém se salva sozinho e ninguém se salva sem tribulações. As fragilidades não são impedimento para a salvação, pelo contrário, preparam-nos para a glória. As graças concedidas a cada um são benefício para todos a fim de aumentar as ações de graças que fortalecem contra o desânimo. E as fragilidades recordam que no céu se constrói uma morada feita pelas mãos de Deus que não poderá desfazer-se como acontece com a morada terrestre em que habitamos neste mundo.

meditar a palavra

Unidos na ação de graças vencemos o desânimo provocado pelas fragilidades do corpo que se vai desfazendo e pelas aflições do momento presente. O bem alcançado por um serve a todos de estímulo e coragem no meio das realidades visíveis que nos podem fazer crer que são tudo quanto devemos aspirar. Mas nós aspiramos às coisas invisíveis em que havemos de participar pela ressurreição. O corpo degrada-se como a tenda dos peregrinos no deserto, mas isso não nos impede de acreditar que Deus constrói para nós uma morada eterna em que habitaremos no céu.

rezar a palavra

Não sou herói, Senhor. Apenas quero que esta minha tenda se vá desfazendo para alcançar aquela em que habitarei nos céus. Sei que sozinho não consigo chegar. Preciso de ti, preciso dos outros, preciso de todas as graças para me vencer a minha fragilidade e revestir-me de ti.

compromisso

Quero fazer o exercício interior de crer, como dizemos no credo, na vida eterna.

EVANGELHO Mt 11, 25-30

Naquele tempo, Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».

compreender a palavra

Jesus revela em oração, com palavras simples, o coração de Deus que se dá a conhecer aos pequeninos. E estas palavras servem de introdução para manifestar a sua união com o Pai, de tal modo que, para conhecer um é necessário conhecer o outro, mas a revelação é feita por Jesus àqueles que ele entende. O Pai revela-se aos pequeninos através de Jesus, por isso ele convida todos os que andam inclinados sobre si mesmos, curvados sob o peso da vida, para que venham e aprendam uma nova forma de viver, uma forma livre de viver.

meditar a palavra

Escutada neste dia esta palavra é um convite ao desprendimento das coisas deste mundo e ao esvaziamento de mim mesmo. O cenário deste mundo é passageiro e eu faço parte deste cenário. Julgar que a salvação está nas coisas deste mundo ou na minha sabedoria é enganar-me a mim mesmo. A salvação está no conhecimento de Deus e só os simples e humildes conseguem ver. Os sábios e os importantes carregam demasiados pesos dentro de si, os ricos e poderosos têm nas mãos demasiadas riquezas para poderem ver a Deus. Só no desprendimento e no esvaziamento poderei fazer a experiência do encontro com aquele que me salva. Jesus é quem retira de dentro de mim os pesos e das minhas mãos as cargas que impedem a liberdade do coração para conhecer e amar a Deus.

rezar a palavra

O desprendimento das coisas deste mundo é condição essencial para te deixar entrar na minha vida e poder entrar na morada eterna. Tu dizes esta verdade de muitas maneiras no evangelho. “Não vos preocupeis com o que haveis de comer…”; “a cada dia a sua preocupação”; “acumulai tesouros no céu” “onde estiver o vosso tesouro aí estará também o vosso coração”. De muitos modos me convidas a sair de mim, a deixar o meu orgulho, a desprender-me das coisas tidas como valiosas, para te ter a ti, Senhor, como único tesouro que vale a pena procurar no campo da minha existência. 

compromisso

Vou esforçar-me por vencer o desejo das riquezas que os homens buscam incansavelmente.

Segunda Missa

LEITURA I 2Mac 12, 43-46

Naqueles dias, Judas Macabeu fez uma coleta entre os seus homens de cerca de duas mil dracmas de prata e enviou-as a Jerusalém, para que se oferecesse um sacrifício de expiação pelos pecados dos que tinham morrido, praticando assim uma ação muito digna e nobre, inspirada na esperança da ressurreição. Porque, se ele não esperasse que os que tinham morrido haviam de ressuscitar, teria sido em vão e supérfluo orar pelos mortos. Além disso, pensava na magnífica recompensa que está reservada àqueles que morrem piedosamente. Era um santo e piedoso pensamento. Por isso é que ele mandou oferecer um sacrifício de expiação pelos mortos, para que fossem libertos do seu pecado.

compreender a palavra

Judas Macabeu demonstra a sua fé na ressurreição através de um gesto piedoso em favor dos que morreram. Depois da batalha contra os inimigos do povo judeu, Judas manda levantar os corpos para lhes dar sepultura. Ao fazê-lo, dá-se conta de que alguns dos mortos escondiam debaixo da roupa objetos roubados do culto aos deuses pagãos. Eles sabiam que era proibido pela lei judaica roubar tais objetos, porque nesse ato tornavam-se impuros aos olhos de Deus. Judas percebe porque é que eles morreram e manda fazer uma coleta para oferecer sacrifício em expiação deste seu pecado. Ora, este gesto demonstra que Judas acredita na vida eterna e no benefício para aqueles que morreram das orações e sacrifícios realizados pelos que ficaram.

meditar a palavra

Ao celebrar, hoje, o dia de oração pelos que faleceram, o exemplo de Judas Macabeu oferece a compreensão e o sentido para a nossa celebração. Rezamos pelos que partiram pela dupla consciência de que eles vivem na eternidade e que as nossas orações são úteis aqueles que, por ventura, tenham morrido sem verdadeiro arrependimento dos seus pecados. Rezar pelos mortos é um gesto piedoso de grande generosidade porque é rezar por quem já não o pode fazer e já não pode pagar-nos por isso. Sejamos generosos e rezemos por aqueles de quem ninguém se lembra.

rezar a palavra

Ofereço sacrifícios em nome daqueles que morreram. Senhor, a Eucaristia celebrada, sacrifício de Cristo, para o perdão dos pecados, e a minha oração pessoal sejam grande benefício para aqueles que morreram e não têm quem reze por eles. Sei que és misericordioso e sempre perdoas, mas eu quero participar com a minha oração para o bem dos que partiram.

compromisso

Rezo em união com a Igreja por todos os que partiram deste mundo.

LEITURA II 2Cor 5, 1.6-10 

Irmãos: Nós sabemos que, se esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens. Por isso, estamos sempre cheios de confiança, sabendo que, enquanto habitarmos neste corpo, vivemos como exilados, longe do Senhor, pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara. E com esta confiança, preferíamos exilar-nos do corpo, para irmos habitar junto do Senhor. Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis, quer continuemos a habitar no corpo, quer tenhamos de sair dele. Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que receba cada qual o que tiver merecido enquanto esteve no corpo, quer o bem quer o mal.

compreender a palavra

Paulo fala da importância de agradar ao Senhor, porque este corpo mortal vai-se desfazendo como uma tenda usada no caminho do deserto. Enquanto caminhamos, cresce em nós o desejo de chegar à terra da promessa onde o Senhor preparou uma tenda, feita pelas suas próprias mãos. Mas o tempo do caminho é necessário para nos desprendermos desta tenda envelhecida. O caminho é longo, difícil e muitas vezes escuro. Fazemos o caminho apenas à luz da fé. Por nós, já deixávamos para trás esta tenda e íamos habitar no Senhor, mas não é como nós queremos. O Senhor sabe o tempo. A nós só nos é pedido que nos empenhemos enquanto vamos a caminho.

meditar a palavra

Não é muito frequente que as pessoas desejem sair deste corpo mortal para ir habitar no Senhor, na tenda que ele preparou com as suas próprias mãos. É mais frequente assistirmos à luta para não partir. É mais frequente sentirmos o medo daqueles que caminham a nosso lado, ao sentir que se aproxima o dia da partida. A falta de fé na vida eterna, a falta de confiança na palavra de Jesus e a dificuldade de se desprender das realidades terrenas, faz com que a tristeza da morte domine o nosso espírito. Paulo mostra o desejo de partir ao encontro de Cristo e a nostalgia do céu onde deseja morar. Que a fé em Cristo ressuscitado nos anime no desejo deste encontro eterno.

rezar a palavra

O meu coração deseja-te, Senhor, mas os meus olhos estão ainda fixos nas coisas deste mundo e não deixam voar o meu coração. Os filhos, os netos, as riquezas acumuladas ao longo da vida, as histórias guardadas dos sucessos alcançados, os projetos por cumprir, não me deixam partir. Liberta-me, Senhor, para não ter medo de ir, para não me recusar ao abraço que me leva definitivamente para ti.

compromisso

Vou rezar mais para que a morte não seja para mim um peso, mas um encontro com Cristo. 

EVANGELHO Jo 11, 21-27

Naquele tempo, disse Marta a Jesus: «Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas eu sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Ele To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».

compreender a palavra

O Evangelho é de João. A narração insere-se no drama da morte eminente de Jesus. Os inimigos querem matá-lo e Jesus afirmou que vai entregar a vida, mas volta a retomá-la. A sua morte não significa perder a vida mas ganhá-la. Neste contexto surge a informação da doença de Lázaro, amigo de Jesus, e posteriormente a sua morte. Jesus decide visitar Marta e Maria, irmãs do defunto, que já está há quatro dias no sepulcro quando Jesus chega a Betânia. No diálogo com Jesus, Marta apresenta-lhe a situação desde a sua confiança nele: “se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”. Por isso, reconhece que em Jesus a realidade não termina aqui “eu sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Ele To concederá”. É uma afirmação interessante, mas sem o verdadeiro alcance da fé, por isso Jesus insiste com ela até que seja capaz de fazer uma profissão de fé na ressurreição. “Eu sou a ressurreição e a vida… Acreditas nisto?”. Tudo o que Maria sabe sobre a ressurreição torna-se agora fé em Jesus Cristo, aquele que tem poder sobre a morte. Ele é aquele que pode dar a vida e retomá-la e mostra-o ressuscitando Lázaro.

meditar a palavra

“Se Deus existisse, isto não tinha acontecido”. Esta é muitas vezes a nossa afirmação diante da morte. É difícil entender este mistério sem a presença de Jesus. A fé na ressurreição não é uma moda dos dias de hoje. Pelo contrário, o homem contemporâneo está interessado em respostas mais rápidas, mais imediatas e, se possível, que passem ao lado do sofrimento. Jesus oferece a vida, Ele é a vida, mas não nos priva da possibilidade do sofrimento e da morte, porque seria impedir-nos de fazer um verdadeiro amadurecimento da fé. Crer nele não é acreditar que nos livra da morte, mas acreditar que mesmo estando mortos viveremos eternamente.

rezar a palavra

Senhor, eu creio que tu és a ressurreição e a vida. Creio que na minha morte me encontro com a vida que vem de ti. Creio que nada pode separar-me do teu amor que é vida eterna. Creio que ainda que esteja morto hei de viver porque para ti todos os seres vivem. Tu és Deus de vivos e não de mortos. Senhor, eu creio, mas aumenta a minha fé para que não me entristeça como os pagãos, mas permaneça na esperança de que o Pai estará em mim, para me ressuscitar, no mesmo poder com que esteve na tua ressurreição.

compromisso

O meu olhar, hoje, não será um olhar de tristeza, mas de esperança.

Terceira Missa

LEITURA I Is 25, 6a.7-9 

Sobre este monte, o Senhor do Universo há de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos. Sobre este monte, há de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; Ele destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou».

compreender a palavra

O profeta anuncia a salvação a partir da imagem do banquete. No cimo do monte, quer dizer, longe das realidades efémeras e perto das coisas eternas. O próprio Senhor é quem prepara o banquete com abundante e saborosa comida. Não haverá mais lágrimas, nem luto, nem morte. Nesse dia todos exultarão de alegria no Senhor.

meditar a palavra

A promessa do banquete apresentada por Isaías aparece também em Jesus. Jesus não só promete um banquete na casa do Pai, o banquete das núpcias do Cordeiro, como distribui o pão e os peixes para saciar a fome das multidões. O pão de Jesus é já promessa daquele banquete no qual havemos de participar no Reino dos Céus. A abundância de comida e bebida, a alegria da festa e a presença do Senhor, falam-me da ressurreição, da casa do Pai onde todos têm lugar à mesa, da morada que Jesus prepara para nós. Diante da certeza da morte, as palavras do profeta animam o meu coração para que não desanime diante das lágrimas, mas viva na fé na alegria do céu.

rezar a palavra

Convidas-me, Senhor, para o banquete. As lágrimas nos olhos, o véu de luto e a tristeza da morte nem sempre me deixam ver a alegria da festa que preparas para mim. Anima o meu coração, tantas vezes aflito, para viver na esperança das núpcias do Cordeiro.

compromisso

Enxugo as lágrimas para ver a promessa da eternidade.

LEITURA II 1Ts 4, 13-18 

Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos, para não vos contristardes como os outros, que não têm esperança. Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido. Eis o que temos para vos dizer, segundo a palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido. Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Em seguida, nós, os vivos, os que tivermos ficado, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Consolai-vos uns aos outros com estas palavras.

compreender a palavra

Paulo anima os Tessalonicenses na esperança da vida eterna. A morte deixa os cristãos entristecidos como acontece com os pagãos. Paulo entende que essa tristeza não é a atitude própria do cristão, mas de quem não tem esperança. O cristão não se entristece como fazem os que não têm esperança. A certeza da ressurreição é dada por Jesus. Segundo a sua palavra, à voz do arcanjo e ao som da trombeta o Senhor descerá para ressuscitar os mortos. Estas devem ser as palavras de consolação.

meditar a palavra

Tantas vezes, perante a morte, ouvimos dizer “acabou tudo”, “nunca mais te vejo”, vais para a cova escura”. As lágrimas e as lamentações podem ser muito úteis para fazer o luto, mas a falta de esperança não ajuda nem no luto nem na fé. Animados pela esperança na vida eterna, na certeza que o Senhor virá ressuscitar os mortos e levar consigo todos os que, porventura tenham ficado, enxugamos as lágrimas e calamos as lamentações. Em Cristo viemos e morremos animados pela esperança de com ele ressuscitarmos.

rezar a palavra

Eu acredito, Senhor que tu morreste e ressuscitaste e na tua ressurreição encontro a esperança de ressuscitar contigo. Não quero ficar na tristeza dos que olham a morte como o fim de tudo, quero sim, viver a certeza que me dás de que, ainda que esteja morto, hei de viver, porque tu virás.

compromisso

Animo os meus irmãos na esperança da vida eterna.

EVANGELHO Jo 6, 51-58 

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».

compreender a palavra

O texto de João, tirado do capítulo seis do evangelho, estabelece uma relação entre o pão descido do céu, o comer a carne e beber o sangue de Cristo e a vida eterna. Após a multiplicação dos pães, Jesus encontra-se de novo com a multidão que o procura na expetativa de receber mais uma porção do pão que mata a fome física. Aproveitando esta situação Jesus fala-lhes de outro pão, o que desceu do céu e diz que esse pão é o pão vivo, é ele mesmo, é dado pelo Pai, “é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo”. Nem todos acreditam que podem comer a sua carne, por isso, Jesus insiste: “Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida”. Comer e beber o corpo e o sangue de Cristo é garantia de vida eterna. Aquele que come permanece em Cristo, vive dele, porque não é um alimento qualquer, é o pão que dá a vida, garantia da ressurreição.

meditar a palavra

O alimento da vida eterna é o pão vivo descido do céu. Jesus identifica-se com o pão que desce e dá vida. Este pão é a sua carne que é verdadeira comida e o seu sangue que é verdadeira bebida. Não é fácil esta linguagem, nem para os judeus daquele tempo nem para nós. Só a fé nos pode fazer entender que o pão que Jesus nos deixou como seu corpo e o vinho como seu sangue são o alimento que dá a vida eterna a todo aquele que sabe tomar e alimentar-se reconhecendo que é Cristo. Muitos têm dificuldade em acreditar que há um alimento que dá a vida eterna. Muitos têm dificuldade em identificar este alimento com o corpo de Cristo. Muitos têm os olhos fechados para o mistério da Eucaristia, como lugar onde Cristo se dá em alimento. Muitos recusam-se a aceitar a vida eterna presente no alimento que é Cristo. A pergunta é séria: “Acredito na vida eterna? Acredito que posso receber a vida eterna comendo e bebendo o corpo e o sangue de Cristo na Eucaristia?

rezar a palavra

Quero acreditar, Senhor, que o pão e o vinho da Eucaristia são o teu corpo e o teu sangue. Quero acreditar que comungado este alimento também eu terei a vida que vem de ti, a vida que não se esgota no tempo, mas permanece até à eternidade. Dá-me sempre desse pão, Senhor. Sejas tu o meu alimento.

compromisso

Vou à Eucaristia e abro o coração ao dom da vida eterna que Cristo me oferece.