Há oito dias celebrámos a manifestação de Jesus a todos os povos representados nos magos que vieram do Oriente. Ao longo desta semana, quem teve oportunidade de acompanhar a liturgia, deve ter verificado que recordámos outros momentos de manifestação de Jesus. Aqueles ‘mistérios luminosos’, que o Papa João Paulo II sugeriu para serem introduzidos na recitação do Rosário, são, todos eles, manifestações e descoberta da identidade de Jesus.

1.      Universalidade da fé e do Baptismo

– As palavras de Pedro referidas no livro dos Actos dos Apóstolos, são uma explicação para justificar o que ele tinha feito antes: ele tinha ido a casa de Cornélio, um centurião da corte itálica, que estava em Cesareia, e tinha conversado com ele e com a sua família, a ponto de eles se abrirem à Palavra de Deus transmitida por Pedro…

– Foi a primeira vez que a Boa Nova de Jesus foi anunciada a uma família de origem pagã e, para Pedro, foram muitos os problemas que se colocaram porque ele era judeu e um judeu nem sequer podia entrar em casa de pagãos e estar em contacto com eles…

– Ora, é nesta ocasião que Pedro faz esta descoberta: “Deus não faz acepção de pessoas”… E recorda o início da manifestação de Jesus depois do Baptismo de João: “Deus ungiu com a força do Espírito santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos…” Todos: sem excluir ninguém…

2. Baptismo e identidade de Jesus

– É, de facto, no momento do Baptismo, que se manifesta a identidade e a missão de Jesus. A partir deste acontecimento, também nós reflectimos sobre a nossa identidade como baptizados e cristãos…

– O Evangelista Mateus diz que Jesus “veio da Galileia até ao Jordão”. Para quem conhece a geografia sabe que “desceu”… Pois é: Jesus desce, humilha-se, faz-se pequeno com os homens…

– No diálogo com João Baptista, Jesus também responde que “convém que assim cumpramos toda a justiça”… É uma forma do evangelista dizer que Jesus se submete inteiramente à vontade do Pai, obedece ao seu desígnio… Jesus rebaixa-se e é nesta posição que o Pai o proclama como Filho: “Este é o meu Filho muito amado…”

3.      Dizer não a determinados estilos de vida

– A partir do Baptismo, Jesus inicia o seu caminho, um caminho novo que é o da sua vida pública, indo à “periferia das existências” como diria o Papa Francisco… Ali, onde estão os mais necessitados de salvação…

– Jesus, que se rebaixou, é o que vai ao encontro dos últimos, dos despojados e marginalizados… Não procura o conforto e o bem-estar, as vias da influência e do poder… Diz não a isso como também nós deveríamos fazer depois de, no momento em que somos baptizados, e antes da profissão de fé, fazermos a renunciação… De quê? Um pequeno resumo de um texto de Bento XVI di-lo: “Na Igreja antiga estes ‘nãos’ eram a renúncia à ‘pompa diaboli’, quer dizer, à promessa da vida em abundância. Não a uma cultura de aparente abundância de vida que, na realidade, é uma ‘anti cultura’ de morte. Não aos espectáculos onde a morte, a crueldade e a violência se transformaram em diversão. No nosso tempo é preciso dizer um não rotundo à cultura da morte amplamente dominante. Uma ‘anti cultura’ que se manifesta na droga, na fuga do real para o ilusório, numa felicidade falsa assente na mentira, na fraude, na injustiça, no desprezo do outro, da solidariedade, da responsabilidade na relação com os pobres e os que sofrem”.