Oseias 2, 16.17b-18.21-22 

Eis o que diz o Senhor: «Hei-de atrair ao meu amor a casa de Israel, hei-de conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração. Ali corresponderá como nos dias da sua juventude, quando saiu da terra do Egipto. Nesse dia, diz o Senhor, chamar-Me-ás ‘meu marido’ e não ‘meu baal’. Farei de ti minha esposa para sempre, desposar-te-ei segundo a justiça e o direito, com amor e misericórdia. Desposar-te-ei com fidelidade e tu conhecerás o Senhor».

Compreender a Palavra

Celebramos a Memória de Santa Isabel de Portugal

O profeta Oseias canta o amor de Deus pelo seu povo. A experiência do Profeta ajuda-o a entender Deus no seu amor pelo seu povo sempre infiel. Também Oseias viveu a experiência de ser rejeitado no amor, a infidelidade na sua própria casa, a busca daquela que preenchia o seu coração. Deus recorda o tempo em que, fiel, caminhava pelo deserto com o seu povo para o libertar do Egito. Agora, em tempos de prosperidade, o povo esqueceu-se do Senhor e voltou-se para ‘baal’. Então o Senhor, que não se cansa de procurar aquele povo a quem ama diz: “Hei de atrair ao meu amor a casa de Israel, hei de conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração. Ali corresponderá como nos dias da sua juventude”. A esperança de que, no deserto, sem qualquer distração, o povo volte a centrar o seu olhar no Senhor até dizer: “meu marido”.

Meditar a Palavra

Na busca da felicidade, muitas vezes julgamos encontrá-la longe da relação com o Senhor. O amor por ele parece tornar-se obsoleto, decadente, gasto, sem graça e sem novidade. Viver com o Senhor torna-se enfadonho porque nos deixamos seduzir por amores passageiros, mais ligeiros, mais atraentes, mas com menos consistência, menos libertadores e nada verdadeiros. Só na falência da nossa vida como experiência de desgosto por ver que apostámos tudo num amor fingido e passageiro que nos abandonou é que recordamos os dias em que vivíamos o verdadeiro amor. As dificuldades, os desgostos, a dor, o sofrimento são muitas vezes o deserto de que necessitamos para compreender a beleza sempre nova do amor fiel e verdadeiro de Deus por nós.

Rezar a Palavra

No meio da vida tão cheia de trabalhos e de distrações, não permitas que o amor se esgote num nada de ilusão passageira. Faz-me compreender que o verdadeiro amor morre por mim na cruz e do mistério do amor dado gratuitamente no sangue derramado possa eu renovar-me sempre numa experiência nova de vida feliz. Que o tédio da vida não me impeça de viver a novidade sempre presente do teu amor.

Compromisso

Procuro as rosas de Isabel para dar em gestos de amor a Deus e aos irmãos.


Evangelho: Mt 9, 18-26

Naquele tempo, estava Jesus a falar aos seus discípulos, quando um chefe se aproximou e se prostrou diante d’Ele, dizendo: «A minha filha acaba de falecer. Mas vem impor a mão sobre ela e viverá». Jesus levantou-Se e acompanhou-o com os discípulos. Entretanto, uma mulher que sofria um fluxo de sangue havia doze anos, aproximou-se por detrás d’Ele e tocou-Lhe na fímbria do manto, pensando consigo: «Se eu ao menos Lhe tocar no manto, ficarei curada». Mas Jesus voltou-Se e, ao vê-la, disse-lhe: «Tem confiança, minha filha. A tua fé te salvou». E a partir daquele momento a mulher ficou curada. Ao chegar a casa do chefe e ao ver os tocadores de flauta e a multidão em grande alvoroço, Jesus disse-lhes: «Retirai-vos, porque a menina não morreu; está a dormir». Riram-se d’Ele. Mas quando mandou sair a multidão, Jesus entrou, tomou a menina pela mão e ela levantou-se. E a notícia divulgou-se por toda aquela terra.

Compreender a Palavra

No centro do texto que meditamos hoje está a afirmação da mulher “ficarei curada”. O texto mostra-nos duas cenas que se interligam uma na outra. Um homem suplica a Jesus pela filha que está morta mas ele acredita que Jesus com a sua mão a pode fazer viver de novo “ela viverá”. Jesus vai a casa deste homem. A mulher faz um pedido no silêncio do seu coração. O pedido é o de tocar Jesus com a sua mão: “Se eu ao menos lhe puder tocar no manto”. A mulher acredita que ficará curada: “ficarei curada”. O seu pedido também é atendido e ao tocar em Jesus obriga-o a parar. Interrompe a caminhada de Jesus para receber a confirmação: “A tua fé te salvou”. Depois, perante a incredulidade da multidão, Jesus confirma o primeiro pedido, tocando na menina com a sua mão e levantando-a do “sono”.

Meditar a Palavra

Tocar o outro é muito importante. Como é também importante deixar-se tocar. Às vezes parecemos intocáveis e muitas vezes não sabemos tocar. O toque de que nos fala o texto é um toque que enriquece aquele que toca e o que é tocado: “vem impor a mão”, “se eu lhe tocar”, “tocou-lhe”, “tomou-a pela mão”. Estas afirmações mostram o poder do tocar o outro e ser tocado pelo outro com a mão. Tantas vezes toco e sou tocado para destruir, para magoar, para ferir e degradar. Preciso aprender com Jesus a tocar o outro para lhe dar vida e a deixar-me tocar comunicando força e alegria.

Rezar a Palavra

Vem impor-me as mãos para que viva, Senhor. Com as tuas mãos toca-me para que me levante do sono da minha indiferença. Ensina-me a tocar com as minhas mãos para que haja vida à minha volta. Ensina-me a deixar-me tocar pelos que sentem que a vida se lhes vai sem sentido, sem razão, sem esperança. Mostra-me o poder das minhas mãos e ensina-me a usá-lo para a salvação de todos.

Compromisso

Vou identificar aqueles que à minha volta precisam que lhes toque no coração com as minhas mãos para que tenham a vida.